Paulo César da Luz Lazaretti, de 38 anos, e John Willian da Silva Luz, de 31 anos, negaram que tenham mantido a idosa, de 81 anos, e a cuidadora, de 51 anos, reféns durante o roubo frustrado a casa no bairro Coopharádio, em Campo Grande, na última segunda-feira (18). Eles ainda afirmaram, durante audiência de custódia nesta quarta-feira (20), que era a idosa quem estava armada. 

Os dois ladrões, tio e sobrinho, contaram em depoimento que estavam bebendo cerveja e pinga em um bar, na região da Vila Albuquerque, desde cedo, quando resolveram sair em busca de outro bar, na região do Tiradentes. Foi quando viram a casa que, segundo eles, parecia não ter ninguém.

Por isso, resolveram pular uma cerca para furtar cadeiras de fio e uma rede que estavam na varanda, quando teria aparecido a idosa armada, já atirando contra a dupla. Os dois conseguiram desarmar a moradora e a levaram para dentro da residência.

De acordo com Paulo, a cuidadora chegou depois e foi colocada sentada na cama junto da idosa. Já na versão de Willian, a mulher já estava na residência quando eles invadiram. Paulo ainda negou que tenha feito as mulheres reféns, dizendo que, assim que os policiais chegaram ao local, se entregaram. 

Já o sobrinho contou que após desarmar a idosa e colocar as duas mulheres no quarto, passaram a revirar o cômodo atrás de objetos de valor. Ele disse que, quando os policiais chegaram, fizeram a exigência da imprensa, para poderem sair em segurança da residência. 

Os bandidos negaram ter feito disparos na casa e não souberam responder por que não fugiram quando viram que a idosa estava armada. 

Quatro tiros

Foram quatro disparos feitos por Paulo e John, com um revólver calibre .38 durante o roubo frustrado que acabou com duas mulheres reféns. As mulheres foram resgatadas após duas horas de negociação. Um dos tiros atingiu a porta do banheiro e outros dois o teto da casa. 

O outro tiro teria sido disparado contra a janela da residência — e foi ouvido por um repórter do Midiamax que estava ao telefone com um dos criminosos, que ligou para o jornal exigindo a presença da imprensa. Onze policiais participaram da negociação para libertar a idosa e a cuidadora, que ficaram em poder dos bandidos. Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e do Batalhão de Choque isolaram a rua para negociar com os bandidos. 

Terror e coragem

Em depoimento na terça-feira (19) ao Jornal Midiamax, a cuidadora disse que, após ligar para a polícia, ela entrou na residência e pegou uma faca, seguindo em direção ao quarto, sendo surpreendida por um dos bandidos, que apontou o revólver para a sua cabeça. “Nunca passei por isso, não desejo a ninguém”, disse a mulher de 51 anos. Ela revelou que foi amarrada com um lençol pelos bandidos, mas como o nó estava frouxo, conseguiu se soltar. 

O celular dela foi tomado por um dos autores, que fez mais disparos no quarto, dizendo: “Atira na cabeça dela e liga para a mídia”. Os criminosos ainda improvisaram uma barricada com as portas de um guarda-roupa, para impedir que os policiais entrassem e atirassem contra eles. 

“Só pensava nela (idosa). Ela é como uma mãe para mim”, disse a cuidadora, que revelou pensar que iria morrer. A filha da idosa, que mora no interior, soube do cárcere e veio para Campo Grande, mas quando chegou ela já havia sido libertada. O genro da idosa disse que agora a ideia é levar a sogra para morar com eles no interior.