O caso do funcionário de um supermercado em Naviraí, que resolveu entrar na justiça por perdas e danos, após ser sorteado e não levar o veículo de uma promoção feita pelo estabelecimento em que trabalha, está ganhando outras proporções.

Após o judiciário ser citado durante uma discussão envolvendo patrão e funcionário e que foi parar na delegacia, os juízes Daniel Scaramela Moreira e Eduardo Lacerda Trevisan, convocaram uma entrevista coletiva na sexta-feira (29), às 17h, no Tribunal do Júri do Fórum.

“Eu podia ter te mandado embora. Não te mandei não. Você vai trabalhar. Você não ficar numa boa não, aqui você vai trabalhar”, afirma um dos sócios da empresa em áudio que circulou nas e que foi entregue na denúncia feita pelo funcionário na delegacia de Polícia Civil da cidade.

Na sequência, o patrão prossegue com as agressões e faz uma declaração que foi considerada polêmica e que está sendo questionada pelos magistrados. “Você vai ralar. Larga de ser burro. Oh, deixa eu te traduzir uma coisa, você não entendeu ainda: Eu tenho mais de 10 advogados. Se eu preciso eu compro tudo a Justiça. Então, fica quieto. Você não vai ganhar o carro. Você só vai ter desgaste”, ameaça o empresário.

Após a repercurssão do caso nas redes sociais, a Amansul (Associação dos Magistrados de Mato Grosso do Sul), entidade que congrega os juízes de direito e desembargadores do Estado informou em nota, que já notificou o sócio da empresa envolvida no caso.

A entidade informa ainda, que pediu esclarecimentos  ao notificado e, também, que ele indique nomes dos Magistrados que “comprou”, ou apresente cabal retratação.

“A Amamsul também reforça que a magistratura do Estado é composta por magistrados sérios e comprometidos com a realização da justiça, não admitindo ilações ou suposições sobre a idoneidade de magistrados sem a devida comprovação”, conclui a nota enviada à Redação.

Entenda o caso

De acordo com o relato da vítima, o acusado passou a lhe importunar por causa de uma ação judicial que move contra a empresa desde o Dia dos Pais, quando ganhou o sorteio do carro, mas, por ser funcionário, não pode receber o prêmio — os organizadores acabaram fazendo um novo sorteio.

Por meio da campanha “Seu pai de carro novo”, a rede anunciou o sorteio de Fiat Mobi, zero quilômetros, que foi realizado no dia 7 de agosto. Entretanto, ao perceber que o ganhador era um dos funcionários da rede de supermercados, um dos sócios pediu o cancelamento.

Mesmo sem a existência de qualquer cláusula que impedisse a participação de funcionários, os promotores do evento, que foi transmitido pelas redes sociais, fizeram um novo sorteio e entregaram o veículo para outra pessoa.

Na época, em nota encaminhada à reportagem, a rede de supermercados afirmou que: “A empresa informa que é expressamente vedado pelas normas internas e regulamentos os funcionários participarem dos sorteios realizados pela própria empresa, sendo ciência de todos os colaboradores e envolvidos essa vedação expressa”.