Em meio ao conflito entre os índios e produtores rurais que se estendeu durante esta sexta-feira (3) na Perimetral Norte, em , a 225 quilômetros de Campo Grande, as lideranças pedem um olhar mais humano e se dizem oprimidas pelo estado. “Estou com meu arco e flecha, em nenhum momento ameacei eles [policiais], que atiram sem motivo nenhum. A gente está aqui em um movimento de luta, de espaço, isso é histórico, mas infelizmente o estado não muda isso, estamos oprimidos, sendo sufocados, morrendo”, disse Arapoty, Guarani Kaiowá.

A Perimetral Norte começou a ser liberada no final desta tarde, mas a disputa da área que fica na região urbana da cidade ficou tensa. Cerca de 50 índios bloquearam a via e houve troca de tiros. Além de carros apedrejados, quatro pessoas foram feridas a tiros e uma delas está internada em estado grave.

Conforme o comandante da Polícia Militar de Dourados, tenente coronel Carlos Silva, a equipe foi acionada para fazer a segurança, após a troca de tiros. “Eles acabaram colocando fogo em alguns locais, tentaram obstruir a via e quando o DOF foi chamado para fazer apoio, também foi atacado, assim como o veículo da imprensa”, disse.

O comandante afirmou que o grupo não é de Dourados. “São vários índios que não fazem parte nem da aldeia Bororó nem da Jaguapiru. Eles mesmos dizem que são de fora da cidade de Dourados, então não deveriam estar aqui provocando esse tipo de situação”, destacou.

No entanto, Arapoty afirma que o grupo é originário da região e luta pelos seus direitos. “Quando eles veem a gente reivindicar nossos direitos, eles dizem que nós estamos invadindo, nós não somos invasores, somos originários daqui”, ressaltou.

A Polícia Federal foi até o local e após poucos minutos de conversa, conseguiu um acordo para liberação da via, que está travada há mais de três horas. Peritos também realizaram trabalho no trecho onde os três indígenas e o segurança foram baleados. O segurança está internado em estado grave.

O carro do Jornal Midiamax, também acabou sendo atingido por pedras e facões.

No início de dezembro, com a intensificação dos conflitos um produtor rural chegou a fabricar um trator blindado para continuar plantando na propriedade rural. Segundo o produtor rural, a medida era uma tentativa de se proteger do com indígenas que se arrasta há décadas na região.