Da cadeia, presos tentavam tirar até R$ 5 milhões de políticos e médicos de Campo Grande
Três homens foram presos preventivamente mediante mandado na segunda-feira (21), após a Polícia Civil descobrir rede de extorsão que tinha como alvos médicos, advogados e políticos de Campo Grande. Toda articulação era comandada de dentro de presídios e facilitada pelo uso de celulares. A delegada Ana Cláudia Medina, titular da Deco (Delegacia Especializada de Combate […]
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Três homens foram presos preventivamente mediante mandado na segunda-feira (21), após a Polícia Civil descobrir rede de extorsão que tinha como alvos médicos, advogados e políticos de Campo Grande. Toda articulação era comandada de dentro de presídios e facilitada pelo uso de celulares.
A delegada Ana Cláudia Medina, titular da Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado) e responsável pelas investigações informou que um político procurou a polícia em fevereiro para revelar as ameaças e extorsões. A partir daí toda rede foi descoberta e resultou na prisão de Fábio Alves, Diego Sirqueira e Celso Roberto Costa.
Fábio tem histórico de participação em roubos de malotes e, inclusive, já foi condenado. Já Celso Roberto é ex-funcionário público, condenado em 2012 por estelionato. A delegada Medina afirma que a quadrilha era muito bem articulada e que tentou extorquir também pessoas próximas e de convívio das vítimas.
Modus operandi
A princípio a quadrilha enviava cartas redigidas para as vítimas e para familiares ou amigos. Segundo a delegada Medina, a forma como as cartas eram entregues revelam a meticulosidade da quadrilha. Os suspeitos redigiam as cartas e jogavam, por exemplo, na frente de um comércio do aeroporto. Ao mesmo tempo, ligavam de telefone público para um moto-táxi para buscar a carta.
Na ligação, diziam para o moto-taxista que a carta estava em determinado comércio. Depois ligavam para funcionários da loja dizendo que tinham deixado a carta cair e o moto-taxista iria buscar. Endereço e dinheiro ficavam com o envelope e o moto-taxista fazia a entrega sem saber para quem estava levando a carta.
O conteúdo da carta era sempre dados sobre a vida da vítima com ameaças para extorsão. Os presos sempre diziam que eram membros de facção criminosa, o que teria feito as vítimas ficarem assustada e até evitarem procurar a polícia. Depois, quando um político procurou a delegacia e a investigação começou, os presos também ficaram sabendo.
A partir daí eles começaram a enviar mensagens de texto para as vítimas. No entanto, eles registravam os celulares que usavam de dentro dos presídios no CPF dos alvos, então era como se a vítima estivesse enviando a mensagem para ela mesma. No conteúdo, mais ameaças e tentativas de extorsão. A informação é de que nenhuma vítima chegou a fazer transferência de dinheiro aos acusados.
A polícia não divulgou o conteúdo das mensagens ou das cartas, mas informou que nas ameaças os presos chegavam a dizer que sabiam os carros que as vítimas usavam ou os trajetos delas e horários que deixavam os filhos nas escolas, provocando mais medo nos alvos. As vítimas chegaram a pensar que eram seguidas pelos bandidos.
Rede de extorsão
Para tentar ganhar dinheiro a qualquer custo, os acusados passaram a ameaçar e tentar extorquir familiares das vítimas. No total chegaram a enviar ameaças a aproximadamente 12 pessoas. Mesmo assim, sem conseguirem valores, passaram a vender informações sobre a vida das vítimas.
As informações teriam chegado até a fronteira e até mesmo um jornalista chegou a ser procurado pelos presos, para que pagasse para ter informações sigilosas das vítimas, segundo a polícia. Além dos três homens que foram presos, a mulher de um deles está detida temporariamente e seria quem articulava os crimes de fora do presídio.
Outros detentos também já foram identificados como membros dessa organização, mas segundo a delegada os detidos seriam os mentores. A operação, nomeada Extortio, teria sido apelidada no meio policial como ‘La Casa de Papel’, já que a polícia procurava o ‘Professor’, mentor de toda articulação.
As investigações continuam e celulares foram apreendidos com os detentos. A delegada Medina pontuou que a facilidade do uso dos aparelhos dentro dos presídios permitiu toda a ação dos presos, já que através dos celulares eles faziam os cadastros de CPF das vítimas, pesquisavam a vida dos alvos, salvavam mapas, entre outras informações.
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