Os dois alvos da Operação Ormetá que tiveram prisões decretadas mas escaparam na sexta-feira (27), José Moreira Freires e Juanil Miranda Lima, teriam fugido logo após executarem ‘por engano' o jovem Matheus Coutinho Xavier, filho do ex-policial militar Paulo Xavier, em 9 de abril deste ano.

Segundo as investigações, Freires e Juanil teriam sido contratados por Marcelo Rios para matar Paulo Xavier, após ordem do empresário Jamil Name por causa da proximidade do militar com o advogado Antônio Augusto de Souza Coelho. A ordem seria por causa de um desacordo comercial da venda de propriedades rurais.

Juanil, dias antes da execução, estaria monitorando a residência de Paulo. Em um desses monitoramentos,  ele estaria acompanhado de uma mulher, que tinha saído com ele para levar um celular ao conserto. Em depoimento no (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), logo após a prisão de Marcelo, a jovem conta que estava com Juanil em um Chevrolet Corsa branco quando ele teria desviado o trajeto e passado duas vezes em frente à casa do militar, fazendo vídeos da movimentação.

O pistoleiro ainda teria contratado um hacker para monitorar em tempo real a movimentação de Paulo Xavier. A mulher confirmou o fato em depoimento no Garras. Ela disse ter visto pelo menos duas vezes o suposto hacker na companhia de seu pai.

No dia do assassinato de Matheus Coutinho, em abril, Freires ainda usava tornozeleira eletrônica depois da condenação pela execução do delegado Paulo Magalhães. Ele estava na companhia de Juanil em um Chevrolet Ônix branco. No entanto, por engano, os pistoleiros executaram o rapaz no lugar do pai dele, com tiros de fuzil. Matheus estava manobrando a camionete do pai na noite em que foi fuzilado pelos pistoleiros.

Após a execução errada, Marcelo teria ficado receoso de avisar Jamil Name sobre o erro, já que tinha medo de ser ‘empurrado' – gíria para assassinado. Após divulgação na mídia, o ‘Velho' como é chamado Jamil, teria dado ordem para Rios ‘arrumar a bagunça'.

Depois da prisão de Rios, forças policiais foram até a casa da namorada do guarda-municipal, no bairro Moreninhas, momento presenciado pela mulher que estaria na região. Ela teria, então, ligado para o pai o questionando sobre a situação. No relato feito ao Garras, a jovem diz que o pai a tratou de forma grosseira afirmado não saber de nada. Este seria o último contato mantido dela com o pistoleiro. Após o fato, tanto Freires como Juanil não foram mais vistos na cidade.

Pistas e informações são de que os dois teriam fugido antes da ordem dada de execução do ‘Velho', após o erro cometido na execução em abril. Um deles estaria escondido no Paraguai, já o outro estaria no interior de Goiás. Mas, também há rumores de que os dois teriam sido executados pela milícia.

A jovem ainda relatou que o pai teria confessado a participação na execução de Ilson Figueiredo, na Avenida Guaicurus, em junho de 2018 dizendo que só ‘matava gente ruim'. Em um dos trechos da conversa ela diz: “Ele foi mudando, aí sentou e falou que um monte de gente estava morrendo”.

Juanil: “Você viu aquele cara que morreu na Guaicurus?”

Mulher: “Aí meu coração acelerou, e falei para ele, é tem bastante gente morrendo”

Juanil: “Mas é gente que não presta são pessoas ruins”.

A participação de Juanil no assassinato de Ilson teria sido reforçada por arquivos encontrados pelo Garras de várias fotos do ex-chefe da segurança da Assembleia Legislativa de morto.

Operação Ormetá

O Garras e o (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), com apoio dos Batalhões de Choque e o Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar, deflagraram na sexta-feira (27), a Operação Omertà, com a finalidade de dar cumprimento à 13 mandados de prisão preventiva, 10 de prisão temporária e 21 mandados de busca e apreensão, nas cidades de e Bonito.

A Operação Omertà tem como foco uma organização criminosa voltada à prática dos crimes de milícia armada, porte ilegal de armas de fogos de uso restrito, homicídio, corrupção ativa e passiva, entre outros crimes.

As investigações do Gaeco tiveram início em abril deste ano, com o objetivo de apoiar as investigações dos homicídios de Ilson Martins Figueiredo, Orlando da Silva Fernandes e Matheus Coutinho Xavier, conduzidas pelo Garras desde 26 de abril de 2019.