A ronda escolar é um programa da que realiza policiamento preventivo e atendimento de ocorrências nos estabelecimentos de ensino e perímetro escolar. A dupla de policiais também realiza visitas técnicas para estreitar o contato com a comunidade escolar e identificar os problemas e junto com diretores, professores, alunos e pais, buscar a solução conjunta para aumentar a segurança e a qualidade no convívio.

Acompanhamos o trabalho de uma equipe da Ronda Escolar em um momento crítico nas escolas, onde após o massacre em uma escola de Suzano, desencadeou várias outras ameaças em escolas de .

Quem pensa que essas viaturas ficam só na porta da escola, está muito enganado, praças, parques, terminais de ônibus e tudo ao redor não escapam das rondas. No caso da viatura do Primeiro Batalhão, com a experiência dos policiais nesses três anos do programa, já é possível saber quais os locais que os alunos escolhem para matar aulas, que os traficantes ficam para comercializar drogas e assim é possível diminuir a criminalidade dentro da comunidade escolar.

“Tivemos uma grande redução das ocorrências que vinham de dentro das escolas. A maioria delas acontecem dentro dos muros”, comenta o sargento Ronei.  Um exemplo desses casos foi de um menor de 17 anos que ameaçou um supervisor de morte em uma escola estadual.

Em dias anteriores o aluno levou uma faca de 30 centímetros para a escola. O aluno, de acordo com a polícia, entregou a faca nas mãos do supervisor, em forma de ameaça, após saber que a Ronda Escolar poderia ser acionada.

Ronda Escolar diminui violência nas escolas e muda imagem da PMMS com alunos
Facas e estiletes são encontrados durante abordagens da ronda escolar (Foto Marcos Ermínio/Midiamax)

Locais como o terminal em frente ao Hércules Maymone, Praça dos e Orla Ferroviária, são considerados propícios para alunos que matam aula para consumirem drogas e para traficantes que ficam ali esperando.

Sobre as abordagens aos alunos e possíveis suspeitos, o sargento afirma que não há um padrão de pessoas que possam ser abordadas e sim a forma suspeita como elas agem. Ele dá exemplos de um dos pontos mais críticos: o terminal de integração do Hércules Maymone que recebe vários alunos de diversas escolas.

Ali já foram feitas várias apreensões de drogas, inclusive sintéticas. “Geralmente os traficantes gostam de ficar em locais isolados, como a escadaria, quando vemos muita aglomeração de alunos já fazemos a abordagem e nesse caso já prendemos vários traficantes”.

Com relação a como os alunos devem proceder durante as abordagens, o sargento orienta que a palavra chave é “obediência”. “Ele vai passar pela abordagem, que é prevista pelo código penal, e se nada for encontrado será liberado”.

Além das rondas, os policiais contam também com a tecnologia, já que grupos em foram criados para aproximar a Polícia Militar da comunidade escolar e pais de alunos. Através desses mesmos grupos, os policiais recebem informações sobre possíveis crimes que ocorrem dentro das escolas.

Um dos exemplos foi o de uma escola em que a diretora foi informada que havia uma rede wi-fi com o nome “massacre 14h30”, divulgada em diversas outras escolas anteriormente, para não alarmar os alunos, a coordenação da escola entrou em contato com os policiais diretamente pelas redes sociais, eles foram até a unidade de ensino e tudo foi resolvido.

Medo

Ronda Escolar diminui violência nas escolas e muda imagem da PMMS com alunos
Viatura da ronda escolar não possui compartimento para presos (Foto Marcos Ermínio/Midiamax)

Apesar de lidar em sua maioria com menores e muitas vezes crianças, o medo também faz parte da ronda escolar, a viatura um Fiat Mob, por exemplo, não tem compartimento de presos, como as outras, o que percebemos que a falta de estrutura ainda é grande e o investimento no programa é mínimo. “Temos que ter atenção redobrada, já recebemos ameaças dentro da comunidade escolar, não podemos descartar qualquer possibilidade, a tensão está sempre presente”, desabafa o cabo Samuel. A maioria das apreensões durante a abordagem dos militares da ronda escolar são de drogas e posse de arma branca, como é o caso de facas, estiletes e chuchos.

Durante as gravações da nossa equipe, uma escola estadual passou por uma operação no período noturno. Além dos policiais da ronda escolar, outros 10 militares integraram a ação. Não foram todas a salas que passaram pela varredura, apenas algumas que foram apontadas pela própria coordenação.

Ronda Escolar diminui violência nas escolas e muda imagem da PMMS com alunos
Ronda escolar realizada no período noturno em escola da capital (Foto Marcos Ermínio/Midiamax)

Os alunos dessas salas tiveram suas mochilas revistadas e passaram por revistas pessoal também, foram encontrados apenas alguns objetos como chuchos (um tipo de estilete fabricado artesanalmente) e estiletes que são proibidos pelo regimento escolar. Como os alunos que estavam com os objetos têm bom comportamento, eles receberam advertência verbal e vão responder administrativamente. Os objetos foram apreendidos.

A recompensa

Nem só de abordagens vive quem trabalha na Ronda Escolar, a gratificação vem pelos próprios alunos. Em uma escola municipal que atende 400 alunos da 1ª série ao nono ano, as crianças os tratam como verdadeiros heróis. “As crianças estão acostumadas com a presença deles, quando eles chegam é uma festa, chamam (as crianças) eles de tio”, conta Silvia Borges.

Os policiais vão sala por sala, conversam e dão palestras para aqueles alunos que “dão um pouco mais de trabalho” e no final ganham abraços e carinho dos pequenos.

O Midiamax acompanhou o trabalho da Ronda Escolar nas escolas que compreendem a área do Primeiro Batalhão da Polícia Militar, desta forma não identificamos escolas que são citadas na matéria ou que aparecem no vídeo para garantir que os menores não sejam identificados.