Justiça nega liberdade para oficial da PM suspeito de integrar ‘Máfia dos Cigarreiros’

O juiz da Auditoria Militar Alexandre Antunes da Silva negou o pedido de liberdade provisória do tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa. O despacho foi publicado no Diário Oficial da Justiça desta quarta-feira (22). O processo do militar de alta patente, preso desde o dia 16 de maio, ou seja, há 96 dias durante a Operação Oiketicus, […]

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O juiz da Auditoria Militar Alexandre Antunes da Silva negou o pedido de liberdade provisória do tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa. O despacho foi publicado no Diário Oficial da Justiça desta quarta-feira (22).

O processo do militar de alta patente, preso desde o dia 16 de maio, ou seja, há 96 dias durante a Operação Oiketicus, corre sob segredo de justiça.

Prisão de coronel

Foram presos no mesmo dia em maio Admilson Cristaldo Barbosa, comandante do 11º Batalhão da PMMS, em Jardim e Luciano Espíndola da Silva, comandante da 1ª Companhia Independente da PMMS, em Bela Vista. Ambos ocupam o posto de tenente-coronel e ganham 22,8 mil reais por mês só de rendimento fixo.

Oscar Leite Ribeiro, major, é comandante da 2ª Companhia Independente da PMMS, também em Bela Vista, e tem rendimento fixo de R$ 19,8 mil.

Mesmo com os altos salários, os três estão entre os investigados que tiveram prisão decretada durante a operação. Segundo informações oficiais do Gaeco, todos são suspeitos de integrar uma “organização criminosa composta por policiais militares que atuam na facilitação do contrabando de cigarros”.

CPA-3 e ‘ótimo relacionamento’

Conhecido na tropa como ‘Chico Bento’, o tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa chegou à sede da Corregedoria da PMMS à época encaminhado por colegas de farda. Segundo dados oficiais do Governo do Estado no Portal da Transparência, além da remuneração fixa de mais de 22 mil reais, ele recebe ganhos eventuais de R$ 2.506,60.

Tenentes-coronéis Admilson e Espíndola: formaram juntos e atuam no CPA-3 (Foto: PMMS)
Tenentes-coronéis Admilson e Espíndola: formaram juntos e atuam no CPA-3 (Foto: PMMS)

O tenente-coronel Luciano Espíndola da Silva recebe por mês os mesmos R$ 22.851,93 mais remunerações oficiais que, no último mês, chegaram a R$ 9.432,18, segundo o Portal da Transparência do Governo Estadual de Mato Grosso do Sul.

Já o major Oscar Leite Ribeiro tem salário fixo de R$ 19.464,15, e no último mês recebeu de remuneração eventual mais R$ 200,00. Os três oficiais comandam unidades na área do CPA-3 (Comando de Policiamento de Área 3).

Segundo informações oficiais da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, os dois tenentes-coronéis formaram juntos no Rio de Janeiro, na turma de 1997 da Academia de Polícia Militar Dom João VI, e “possuem um ótimo relacionamento”.

Em nota enviada à imprensa, o Gaeco confirmou que cumpriu 19 mandados de prisão preventiva, 1 mandado de prisão temporária e 45 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Juízo da Auditoria Militar.

‘Rota cigarreira’ 

A megaoperação contou com a participação de cerca 125 policiais militares e nove promotores de Justiça. Os mandados tiveram como alvo residências e locais de trabalhos dos investigados, distribuídos nos municípios de Campo Grande, Dourados, Jardim, Bela Vista, Bonito, Naviraí, Maracaju, Três Lagoas, Brasilândia, Mundo Novo, Nova Andradina, Boqueirão, Japorã, Guia Lopes, Ponta Porã e Corumbá.

Todas as cidades fazem parte da chamada ‘rota cigarreira’, que integra rodovias, estradas e cabriteiras usadas para transportar cigarros produzidos no Paraguai e vendidos ilegalmente nas ruas de cidades brasileiras a preços bem menores que os oficiais, por não pagar impostos.

Dentre os policiais militares presos, estão praças e oficiais. A operação faz alusão ao bicho cigarreiro, que são as lagartas que constroem uma estrutura com seda com o formato semelhante a um cigarro.

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