A Auditoria Militar vai julgar, nesta quinta-feira (20), o tenente-coronel da Admilson Cristaldo Barbosa em um dos processos decorrentes da Operação Oiketicus. O oficial é acusado de integrar organização criminosa formada por policiais que dava suporte ao contrabando de cigarros. A chamada “”.

Admilson está preso desde o dia 16 de maio no Presídio Militar em Campo Grande e responde a pelo menos duas ações penais militares que correm em sigilo. A intimação para comparecer ao julgamento, no entanto, foi publicada no Diário Oficial da Justiça no fim do mês de agosto.

O tenente-coronel foi detido durante a primeira fase da Operação Oiketicus, desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público Estadual e pela Corregedoria Geral da Polícia Militar.

Quando foi alvo da operação, Admilson Cristaldo comandava o 11º Batalhão de Jardim, com remuneração bruta fixa de R$ 22,8 mil. Mesmo preso há quatro meses, impedido de cumprir expediente, o policial segue recebendo salário normalmente.

Levando-se em conta os salários líquidos somados nos três meses completos que passou na cadeia – junho, julho e agosto -, Cristaldo recebeu R$ 45.690,68 em rendimentos líquidos. Os três oficiais superiores receberam juntos, neste período, quase R$ 150 mil.

Comando da Polícia Rodoviária

Conhecido na tropa como ‘Chico Bento', o tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa está incluso no grupo de 29 policiais militares, entre praças e oficiais, denunciados por corrupção passiva e organização criminosa pelo Gaeco.

As investigações revelaram que alguns policiais tentavam interferir nos atos do comando da Polícia Militar, fazendo com que transferências e promoções de policiais atendessem aos interesses do grupo.

Em uma das denúncias contra o 2º sargento Ricardo Campos Figueiredo, é demonstrado uma conversa na qual é discutida a indicação de um colega para o comando da Polícia Rodoviária Estadual.

No diálogo, segundo o Gaeco, Admilson demonstra que Campos estaria intercedendo junto ao Governo do Estado para que o nome do tenente-coronel fosse indicado para assumir a chefia da Polícia Rodoviária. No entanto, não tiveram sucesso na empreitada.

Assumir o comando da Polícia Rodoviária Estadual era considerado estratégico, pois é o setor da Polícia Militar responsável por fiscalizar as rodovias e estradas sul-mato-grossenses, por onde é escoado grande parte do contrabando vindo do Paraguai e da Bolívia.

Agiam desde 2015

A foi desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público Estadual e pela Corregedoria Geral da Polícia Militar. Ao todo, 29 policiais foram denunciados por corrupção passiva e organização criminosa, por integrarem a chamada “Máfia dos Cigarreiros”.

As investigações iniciaram em abril de 2017 e apontaram que policiais militares de Mato Grosso do Sul davam suporte ao contrabando, mediante pagamento sistemático de propina, interferindo em fiscalização de caminhões de cigarros para que não ocorressem apreensões de cargas e veículos, além de adotarem outras providências voltas para o êxito do esquema criminoso.

De acordo com a denúncia do Gaeco, os cigarreiros agiam associados desde o início de 2015, estruturalmente ordenados e com divisão de tarefas. As atividades eram desenvolvidas em dois grandes núcleos.

O primeiro compreendia a região de Bela Vista, Jardim, Guia Lopes da Laguna, e Bonito; ao passo que o segundo Maracaju, Dourados, Naviraí, Mundo Novo, Iguatemi, Japorã e Eldorado.

Todas as cidades fazem parte da chamada ‘rota cigarreira', que integra rodovias, estradas e cabriteiras usadas para transportar cigarros produzidos no Paraguai e vendidos ilegalmente nas ruas de cidades brasileiras a preços bem menores que os oficiais, por não pagar impostos.