Hábitos não mudam, mas moradores têm medo de usar celular na rua
Os crimes acontecem, em sua maioria, em pontos de ônibus
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Os crimes acontecem, em sua maioria, em pontos de ônibus
Deixar o celular no silencioso, guardar na bolsa, não usar em ponto de ônibus, evitar usar fones de ouvido enquanto caminha, esses são alguns dos hábitos adotados na hora de usar o celular nas ruas de Campo Grande após ondas de furtos e latrocínios. Na maioria das vezes, o aparelho furtado é usado como moeda de troca em bocas de fumo ou revendidos pela internet. Ainda há as empresas que compram aparelhos furtados, tiram suas peças a preços mais baratos.
Beatriz Fernandes, 23 anos, que embora estivesse com o aparelho de celular nas mãos e usando fones de ouvido enquanto seguia seu trajeto a pé, toma cuidado na hora de usar o aparelho na rua. “Hoje eu estou com ele nas mãos porque preciso usar o GPS (tecnologia de localização por satélite), mas normalmente ele fica dentro da bolsa, no silencioso para não chamar a atenção. Não uso quando estou no ponto de ônibus”, comenta ela que diz ainda que toma muito cuidado quando está usando o aparelho.
“Me previno bastante a noite. Desde que minha filha e meu genro foram assaltados a noite, evito andar com celular nas mãos para não chamar a atenção”, revela Marcia Egues Limeira, 47 anos, que estava em um ponto de ônibus com o celular. Ela contou que o casal tinha acabado de descer do ônibus quando foram abordados por um homem armado que levou os aparelhos celulares, desde então ela evita o uso a noite.
Mas ainda existem aqueles que não têm medo de usar o telefone móvel nas ruas. “Tomo cuidado, mas se o bandido pedir eu entrego, não reagiria em casos assim, celular a gente compra outro eu continuo usando normalmente”, disse Daniel Ferreira Pizano, 49 anos, morador do Jardim Canguru.
Presas fáceis
Não há uma regra para vítimas desse tipo de crime, algumas são abordadas em pontos de ônibus, nas ruas, com celulares em mãos, nos bolsos ou na bolsa. Mas há as pessoas “preferidas” para furto de celulares e os locais prediletos.
De acordo com o Tenente Coronel Ajala, comandante do Primeiro Batalhão da Polícia Militar, os maiores alvos são trabalhadores em pontos de ônibus durante o período da manhã e estudantes que ficam em frente às escolas conectados às redes sociais. “Nas saídas das escolas vemos os estudantes hipnotizados olhando os aparelhos celulares, não prestam atenção ao redor”, alerta. Mesmo com a falta de atenção, ele não atribui a culpa à vítima, pois para ele é um direito de cada um usar aquilo que comprou.
Para o delegado Reginaldo Salomão, da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), as principais vítimas são mulheres, jovens, que na maioria das vezes estão em pontos de ônibus. “Ano passado fizemos operações para coibir esse tipo de crime, já que temos essa preocupação dessas vítimas que na sua maioria são mulheres”.
Compra x Venda
De acordo com coronel Ajala o roubo e furto de celulares tem crescido devido a facilidade de vendas. “O celular virou uma moeda de troca”, afirma o comandante. Os telefones móveis servem como uma espécie de dinheiro, principalmente em bocas de fumos em bairros da periferia de Campo Grande.
Por outro lado, tem a questão dos empresários que financiam esse tipo de crime. Compram celulares usados e usam as peças, desbloqueiam apagam as contas e revendem. Os compradores devem ficar alertas. “Quem compra celulares pela internet sem nota, de terceiros, precisa tomar cuidado pois vai perder o dinheiro e ainda ser preso”.
Quem compra celulares roubados pode ser preso por receptação sob pena de reclusão de três a oito anos e multa que varia de um a 100 salários mínimos.
Policiamento
Para o tenente coronel Ajala, a população ainda tem medo e muitas vezes não procura as autoridades para registrar esse tipo de crime. “Somos uma polícia presente, atuante somos competentes, tanto a Polícia Civil quanto a Militar, o maior problema está na intolerância e no desrespeito”.
Salamão adiantou que foi feita uma parceria com a Delegacia Geral e Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), para o bloqueio imediato de aparelhos celulares que foram furtados. O objetivo é recuperar o maior número de celulares possíveis e acabar com o mercado de vendas de celulares roubados.
Cuidados
Salomão alerta que há algumas formas para tentar inibir os furtos de celulares. “Não ostentar celulares em pontos de ônibus e vias públicas, não andar ouvindo música, ficar sempre atento em locais de pouco movimento”.
“Uma vez presenciamos uma menor de 14 anos que estava em frente a um comércio fechado, à noite, o local estava fechado e ela estava lá usando o Wifi, isso é muito comum”, finaliza. Em caso de suspeita ele alerta para que a vítima entre em um comércio mais próximo ou bata palma em uma residência e acione a polícia.
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