Uma situação pela qual nenhuma mulher deveria passar está se tornando cada vez mais frequente no Brasil e em Mato Grosso do Sul. Em 43 dias, três mulheres foram vítimas de estupros coletivos no Estado.

Mas especialistas acreditam que esse número deve ser ainda maior, já que, segundo uma pesquisa feita pelo Ipea, 90% das vítimas de violência sexual não denunciam o agressor.

O caso mais recente, no qual a vítima foi uma adolescente de 16 anos, ocorreu no 28 dia de julho em uma casa noturna fechada para o público em Coxim, a 254 quilômetros de Campo Grande.

A jovem e seu primo teriam ido ao local convidados pelos três responsáveis pela boate. Em determinado momento o primo da adolescente percebeu que a jovem tinha sumido. Ele arrombou a porta do quarto de um dos cômodos e encontrou a jovem desacordada com os três homens em volta dela.

No local do crime, a polícia encontrou preservativos descartados. O colchão onde o estupro foi cometido tinha diversas manchas de sangue. Os três suspeitos foram presos.

Vinte dias antes, em 8 de julho, uma mulher de 35 anos foi abordada por três homens quando voltava de uma festa, na região norte de Campo Grande. Ela foi arrastada para um terreno baldio, espancanda e depois estuprada pelos três.

Os laudos de exames feitos na vítima confirmaram o crimeA vítima foi encontrada por populares bastante machucada e debilitada, não conseguindo falar muito sobre o que teria acontecido.

No dia 15 de junho, uma mulher de 35 anos, teria sido estuprada por seu marido e também por seu próprio irmão, no bairro Colibri, em Campo Grande. A vítima contou à polícia que, depois de ser violentada pelo marido e dormir, acordou sendo estuprada pelo irmão enquanto o esposo assistia à cena.

Os autores teriam se aproveitado do estado de embriaguez para cometer o crime. O caso é investigado pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

Medo e violência

O medo de morte pelas ameaças feitas pelo agressor, vergonha, humilhação e sentimento de culpa são os principais motivos para a falta de denúncia. Estupros e abusos também são subnotificados quando o agressor é um conhecido da vítima.

O é um tipo de crime ainda mais violento que as outras formas de abusos sexuais, em que as lesões sexuais e não-sexuais à vítima são, na maioria das vezes, muito mais graves.

Nas estatísticas, os casos não são separados por estupros coletivos e não-coletivos. Mas independente da forma de abuso sexual, uma mulher é abusada a cada 11 minutos no País. Em 2016, Mato Grosso do Sul liderou o ranking dos Estados com a maior taxa percentual, totalizando 54,4 estupros para cada 100 mil habitantes.