A defesa dos acusados pela morte de Wesner Moreira, de 17 anos, protocolou pedido de indeferimento junto ao Tribunal de Justiça contra o Ministério Público, que recorreu da decisão do juiz Carlos Alberto Garcete que desclassificou o crime de homicídio doloso, quando há intenção de matar, na morte do adolescente. O adolescente morreu depois que os acusados teriam introduzido uma mangueira de ar em seu ânus.
Na ação protocolada, os advogados, em suas considerações, afirmam que o MP tenta “satanizar os recorridos, pessoas de bem e longinquamente distantes da delinquência”. Ainda segundo a ação da defesa, o Ministério Público Estadual alega “irresponsáveis suposições e ilações para justificar uma espécie de “justiçamento” que se difere quilometricamente do conceito de Justiça”.
Ainda segundo a defesa de Thiago Geovane Demarco e Willian Enrique Larrea, acusados pelo crime, não existem provas nos autos de que a mangueira teria sido introduzida no ânus de Wesner. “Registra-se: a versão inventada do Ministério Público é totalmente conflitante com a versão arquitetada pela família”.
Em resumo, a defesa pede que seja negado o pedido de reversão do Ministério Público de homicídio culposo para homicídio doloso, já que os réus não teriam a intenção de matar Wesner, mas não afastam a imprudência, negligência e imperícia dos acusados em uma ‘brincadeira de mau gosto’.
No início de junho a mãe do adolescente junto do MPE pediu a reversão da decisão do juiz Carlos Alberto Garcete, que desclassificou o crime de homicídio doloso. A decisão do juiz foi publicada no dia 17 de maio.
Investigação
Durante as investigações, que duraram três meses, 12 pessoas foram ouvidas e o parecer médico anexado ao inquérito contrariou versão dos agressores e da própria vítima, de que a mangueira do compressor de ar estaria por cima da roupa no momento em que a lesão foi provocada. Na análise do delegado, Wesner teria omitido a informação porque estava constrangido.
Wesner Moreira da Silva, de 17 anos, ocorrido em fevereiro de 2017. O jovem foi morto depois que os acusados introduziram uma mangueira de compressão no ânus da vítma.
Relembre o caso
O adolescente deu entrada na Santa Casa de Campo Grande no dia 3 de fevereiro em estado grave, precisou passar por uma cirurgia e retirou 20 centímetros do intestino. Depois disso, chegou a apresentar melhora no quadro de saúde, mas voltou a ter hemorragia e foi levado para a CTI (Centro de Tratamento Intensivo) novamente. No dia 14 de fevereiro, ele não resistiu e morreu.
Logo após sua morte, a polícia pediu a prisão preventiva dos dois envolvidos, o que foi negado pelo juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal de Júri de Campo Grande. Ele alegou que o delegado Paulo Sérgio Lauretto não trouxe “fundamentação quanto à concreta necessidade da prisão preventiva dos envolvidos”.