Duas bailarinas que acusaram o professor de dança Ewerton Cesar Ferriol, o , de já prestaram depoimento nesta segunda-feira (25), em audiência no Fórum de . Outras audiências com mais vítimas ainda devem acontecer.

Segundo uma das bailarinas que acusou e que ainda deve prestar depoimento, o professor estaria participando das audiências.

Ewerton, que chegou a ficar foragido por 16 dias quando foi decretada sua prisão no dia 6 de outubro de 2017, conseguiu na Justiça o direito de responder pelos crimes em liberdade, com o uso de uma tornozeleira eletrônica. A Justiça teria levado em consideração o fato de Tom Brasil ser réu primário. Ele foi acusado de estupro por sete bailarinas que faziam parte de seu corpo de balé.

De acordo com as vítimas, os abusos aconteciam sempre da mesma forma, com o professor marcando ensaios a sós com a vítima.

Como aconteciam os abusos

Uma das alunas do professor, de 25 anos, conta que era bolsista em sua escola de dança e que os abusos só teriam parado nos últimos 3 anos que passou na companhia, quando foram entrando novas integrantes, que se tornariam ‘novos alvos'.

Geralmente as meninas que ganhavam bolsa para estudar na escola passavam a enfrentar algum tipo de assédio. “Sempre começava da mesma forma. Depois de conhecer a sua rotina, ele marcava um tipo de treinamento a sós, momento em que começam as investidas”, diz.
Uma das vítimas do professor teria sido sua ex-cunhada, que teria sido agredida fisicamente, além de ser obrigada a participar de sessões de sexo a três.

Primeira ocorrência registrada

A primeira ocorrência registrada contra o professor aconteceu em setembro de 2016, quando a mãe de uma adolescente de 16 aos procurou a delegacia de polícia após a filha contar ter sido abusada sexualmente pelo professor durante uma das aulas.

Ele teria levado a garota para o piso superior e, em uma sala escura, a segurado com força pelo braço e a estuprado. Outro boletim de ocorrência foi feito em 2017 por outra adolescente.

Denúncia em rede social

Uma bailarina de Campo Grande, que atualmente mora no Distrito Federal, usou as redes sociais, para denunciar que teria sofrido abusos por parte do coreógrafo e dono de uma companhia de dança da Capital.

Ela afirmou no depoimento que, se não mantivesse relações sexuais com ele, era cortada das apresentações. A jovem diz que ainda que era obrigada manter as relações sem o uso de preservativo e que, com isso, contraiu DSTs (Doença Sexualmente Transmissível).

“Iniciei como bolsista na academia dele em 2010. Fiz parte da companhia, dancei em shows, programa de TV e qualquer outra coisa que surgisse. Saí em janeiro de 2013 quando me mudei para Brasília para fazer faculdade. Nesses dois anos fui abusada sexual, profissional, financeira, moral e psicologicamente. Eu e muitas outras meninas que passaram pelos seus ‘ensinamentos'”, diz a postagem.

A dançarina afirmou em seu post que ao contar para o coreógrafo que havia contraído DST e que suspeitava de gravidez, foi humilhada e chamada de prostituta, por várias vezes. Ela ainda diz que o professor de dança teria pedido o dinheiro do cachê pago por um bar aos bailarinos, pois a companhia estava em dificuldades financeiras. Depois disso, a jovem diz não ter mais recebido o dinheiro pelo trabalho.

Sobre fazer a denúncia anos após ter deixado o grupo de dança, ela explica que “Eu não queria ter demorado tanto a falar sobre isso, mas ainda é muito difícil. A culpa e o medo que cerca esse meu discurso as vezes pesa mais do que a vontade de falar e sanar injustiças. São poucas pessoas que sabem dessa história e hoje eu quero que todo mundo fique sabendo. Ainda com medo, ainda com vergonha”.