Em menos de uma semana, a pequena cidade de , com seus 18 mil habitantes, foi novamente palco de uma operação policial contra o crime organizado. Depois da prisão da quadrilha de narcotraficantes chefiada por um policial militar que atuava nos mesmos moldes da máfia na cidade, desta vez a prendeu três pessoas nesta terça-feira (3) que atuavam no contrabando de mercadorias do Paraguai.

A operação ‘Hóspede Oculto’, deflagrada pela PF (Polícia Federal) de Naviraí, cumpriu mandados de busca e apreensão e prisão na cidade, que fica a 462 quilômetros de Campo Grande. A operação teve apoio da Receita Federal de Mundo Novo.

Foram meses de investigação contra um grupo que fazia o contrabando e usava um hotel da cidade como depósito e entreposto para a distribuição das cargas.

Durante a operação foram apreendidos R$ 150 mil em mercadorias. As cargas estavam escondidas em dois carros, que estavam no hotel. Em um sitio às margens da BR-163 também foi apreendido pelos agentes um veículo que transportava material de descaminho.

Nome da operação

O nome da operação é em alusão aos hóspedes que usavam o local para a retirada de mercadorias contrabandeadas.

Há uma semana

A operação deflagrada pela Polícia Federal ‘Laços de Família’ no dia 25 prendeu um policial militar apontado como chefe da quadrilha, que atuava na região do cone-sul do Estado. O militar, que não teve o nome divulgado, seria dono de uma Ferrari, que custa mais de R$ 500 mil. Ele trabalhava em Eldorado e atuava junto à família em Mundo Novo.

Quinze integrantes da quadrilha, a maior parte da mesma família, foram presos. A sede da quadrilha ficava em Mundo Novo, onde foram presas 13 pessoas. As outras duas prisões aconteceram em Naviraí e em Eldorado.

Entre os presos está uma mulher, que estava com tornozeleira eletrônica, e ajudava no financiamento e lavagem de dinheiro da organização que atuava de forma semelhante à máfia: os chefes da organização eram da mesma família e tinham estreita ligação com a facção PCC (Primeiro Comando da Capital).

Para impor medo e respeito aos adversários, o grupo praticava torturas em crimes violentos. A quadrilha era tão organizada que usava ao menos 10 empresas de fachada para lavar o dinheiro do narcotráfico.

A PF estima que, antes da operação, já tinha provocado um prejuízo de R$ 61 milhões à família com apreensões de drogas, joias, dinheiro e bens móveis e imóveis. Foram apreendidos R$ 310 mil para pagamentos de drogas, R$ 80 mil em joias, cinco embarcações, sendo quatro iates.

Desde 2016, quando as investigações começaram, foram apreendidas 27 toneladas de maconha, duas pistolas e duas camionetes.

Ostentação

Assim como aconteceu com Al Capone, o gângster norte-americano que foi preso por sonegar imposto, a atuação da Máfia de Mundo Novo no tráfico internacional de drogas só foi descoberta após um cruzamento de dados feito pela Receita Federal apontar que os chefes da família tinham um estilo de vida incompatível com a renda declarada. “Nós produzimos relatórios sobre a incompatibilidade do padrão de vida ostentado e aquilo que eles declararam seja pela Receita Federal ou outros órgão de controle”, explicou José Maria Nogueira, auditor da Receita.
Os membros da Máfia de Mundo Novo ostentavam viagens, carros de luxo e festas suntuosas nas redes sociais.