Visita de adultos a presos do PCC gera alerta em Dourados

Penitenciária teve princípio de motim na semana passada

Agendado para este sábado (14), o dia de visitas de adultos a presos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) na PED (Penitenciária Estadual de Dourados), distante 228 quilômetros de Campo Grande, acende um sinal de alerta. A avaliação é de André Luiz Santiago, presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul, que considera essa unidade penal a de situação “mais frágil” em todo o Estado. Mas as autoridades garantem que tudo está sob controle.

O temor manifestado pelo líder sindical leva em consideração o princípio de motim registrado na semana passada, quando 500 detentos teriam estourado cadeados, deixado as celas e partido em direção ao pátio, receosos de que pudesse ocorrer um massacre como o do Compej (Complexo Penal Anísio Jobim), em Manaus, capital do Amazonas, onde 60 presidiários foram assassinados por rivais no dia 2 de janeiro, data de visitação de familiares.

“Em Dourados, ponto mais frágil de Mato Grosso do Sul, iam ser mais de 500 presos soltos, poderia ser massacre maior do que em Manaus. Quando aconteceu isso [o princípio de motim] a Agepen [Agência de Administração do Sistema Penitenciário] deveria ter feito mudança de rotina, uniformização, acabar com regalias”, destacou o sindicalista, que diz ter visto telas de proteção instaladas nas grades que separam dois pisos danificadas em recente visita à unidade.

A crítica é rebatida pela Agência, que em nota enviada ao Jornal Midiamax garantiu ter toda a situação sob controle. “As visitas na Penitenciária de Dourados acontecerão para os raios 2 e 4 no sábado e para os demais raios no domingo, como é a rotina. Também como de praxe, é feito reforço de servidores penitenciários em dias de visitas. Já existe um aumento do efetivo nas muralhas já foi providenciado junto ao Comando da Polícia Militar de Dourados, que, inclusive, tem dado apoio com rondas externas ostensivas pelos vários grupos como Tático, Getam e DOF”, esclareceu.

Sobre o lançamento de objetos para dentro da PED por meio de um drone, a Agepen informou que “uma operação pente-fino foi realizada no local, além de apurações internas e pela gerência de inteligência”, resultando na apreensão de “cinco celulares, quatro chips, dois carregadores, 30 facas artesanais e 14 chuços (ferros pontiagudos)”.

Além disso, a Agência destaca que a PM, responsável pela guarda das muralhas, foi orientada a abater qualquer drone que se aproxime das unidades prisionais.

Com capacidade para aproximadamente 800 presos, a PED abriga atualmente um número superior a 2,4 mil homens encarcerados. Em 2006, no Dia das Mães, essa unidade prisional, à época denominada PHAC (Penitenciária Harry Amorim Costa), enfrentou a maior rebelião de sua história, comandada justamente por internos ligados ao PCC.