Por vídeo, Thamara diz a juiz que matou por ‘estar cansada de provocações’
Suspeita é julgada nesta manhã
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Suspeita é julgada nesta manhã
Depois de um ano e dois meses, Thamara Arguelho de Assis é julgada por matar a jovem Victória Correia Mendonça na manhã desta quarta-feira (20). Ouvida por videoconferência, a suspeita afirmou que o homicídio da jovem de 18 anos foi consequência das várias provocações em redes sociais e da raiva que sentida pela vítima.
Para não deixar a filha de 7 meses sozinha em Corumbá, onde está presa desde o ano passado, Thamara optou pela videoconferência e é ouvida pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande. O promotor Douglas Oldegardo Cavalheiro e o defensor público Rodrigo Antonio Stochiero acompanham o caso.
O desentendimento entre as meninas teria acontecido por conta do envolvimento das duas com o mesmo homem, Weverton Silva Ayva, o Boneco de 28 anos, que foi executado meses depois quando saia de um presídio na Capital. A acusada alegou que engravidou, mas vivia um namoro de ‘idas e vindas’ com o pivô do crime e em um desses términos ele acabou se envolvendo com a vítima.
Em depoimento ao júri, Thamara afirmou que após uma série de provocações no Facebook e no WhatsApp, ela e Victoria decidiram se encontrar. No dia do crime, 19 de julho de 2016, combinaram de ir até a casa de um primo do ‘Boneco’, mas quando chegou ao local, a autora encontrou a residência trancada.
Ela então foi até Victoria e na frente da casa da menina elas discutiram mais uma vez. Para o juiz, Thamara explicou que durante a conversa pediu para usar o banheiro, mas foi impedida por Victoria que teria dito “na minha casa você não entra. Usa o jardim”. Ela obedeceu à dona da casa, mas afirmou ao juiz que foi neste momento que decidiu matar a jovem.
Cansada das provocações mútuas e com raiva de Victoria, a autora teria premeditado o crime, chamado um mototáxi e voltado para a frente da casa. Quando sua ‘fuga’ já estava garantida, ela efetuou quatro disparos contra a vítima, três dos tiros a atingiram e ela morreu no local.
Thamara fugiu e chegou a confessar o crime ao mototaxista, que dias depois procurou a polícia e contou o que viu. Para a defesa da jovem, a colaboração no caso e o fato da jovem ter confessado o crime, podem ajudar na redução de pena. “Se não permitir a absolvição, vai permitir da redução de pena”, defendeu Rodrigo Antonio Stochiero.
Enquanto Thamara é ouvida, a família de Victoria aguarda que justiça seja feita. Para o Midiamax, o pai da menina, Sandro Gamara, explicou que o sentimento não é de revolta, mas sim de tristeza pela perda da filha e pela maneira que ela foi morta, mesmo depois de mais de um ano do crime. “Esperamos por justiça”.
Julgamento
Thamara é julgada por um conselho de sentença composto exclusivamente por mulheres. Sete juradas devem decidir o destino da réu que é acusada de homicídio qualificada por motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e porte ilegal de arma de fogo.
Esse é o sétimo julgamento feito por videoconferência em Campo Grande. O primeiro deles em todo o Brasil foi feito justamente pelo juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, juiz Aluízio Pereira dos Santos.
Entenda
Victoria foi assassinada no dia 19 de julho do ano passado em frente à casa que morava na Vila Popular. Três disparos atingiram a vítima, que na época tinha 18 anos.
Thamara se entregou a polícia quatro dias depois do homicídio, no dia 22 de julho de 2016 e está presa desde então. Nos primeiros meses, ficou detida no Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi, na Capital, onde chegou a agredir e ameaçar uma agente penitenciária. “Eu já matei um, não tenho medo não”.
Grávida de poucos meses, a acusada foi levada para Estabelecimento Penal Feminino “Carlos Alberto Jona Giordano”, de Corumbá, a 444 km de Campo Grande e lá deu à luz a filha, no dia 19 de janeiro deste ano.
Em agosto desde ano, Thamara decidiu não comparecer ao próprio julgamento, marcado inicialmente para o dia 18 de agosto. O pedido de próprio punho foi aceito pela Justiça que entendeu a decisão da jovem como reflexo do direito de silêncio.
Usando como justificativa um evento da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, a defesa de Thamara solicitou à Justiça que adiasse o julgamento. O pedido foi aceito e a nova data agendada para esta quarta-feira (20).
A jovem coleciona passagens desde 2011, quando ainda era uma adolescente, e no dia 5 de junho de 2017, foi condenada a um ano e oito meses de restrição de fim de semana, por tráfico de drogas praticado em 2013. O regime da pena é aberto, mas como ele estava detida pelo homicídio, cumpre no fechado.
(Família de Victoria acompanha o júri/ Foto: Arlindo Florentino)
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