‘Homem de confiança’ de narcotraficante preso, brasileiro visitava 5 filhos no Paraguai

Advogada suspeita que crime seja uma mensagem

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Advogada suspeita que crime seja uma mensagem

As investigações da polícia paraguaia sobre o assassinato do casal de brasileiros Paulo Jacques e Millena Soares na tarde de segunda-feira (2) em Assunção indicam que a vítima era homem de confiança do traficante Jarvis Chimenes Pavão. Preso na capital do Paraguai, ele é apontado como suposto mandante do assassinato de Jorge Rafaat Toumani, numa disputa pelo controle do tráfico de drogas e armas na fronteira. O crime mais recente, portanto, seria uma mensagem.

Jacques, de 41 anos, e sua namorada Millena, de 26 anos, foram mortos a tiros numa emboscada na Rua Dionisio Jara. A cunhada dele, que também estava na caminhonete Toyota Hilux, sobreviveu.  À polícia, contou que duas picapes ocupadas por pistoleiros os perseguiram por ao menos dois quarteirões efetuando disparos de arma de fogo de grosso calibre. Baleado, o condutor perdeu o controle e colidiu já na esquina da Rua Tenente Lilio Cantalupi, no bairro Republica.

MENSAGEM A PAVÃO

A princípio, a polícia paraguaia investigava a relação de Jacques com Rafaat, narcotraficante brasileiro executado numa emboscada em Pedro Juan Caballero no dia 15 de junho de 2016. Mas na noite de ontem o Jornal ABC Color divulgou entrevista com a advogada Laura Casuso, defensora de Pavão, que aponta Jacques como um homem de extrema confiança de seu cliente.

Segundo Laura, o vínculo entre Pavão e Jacques teve início há cinco anos, quando seu cliente já estava preso em Tacumbú, em Assunção. “[Jacques] começou a ir ao presídio, e se oferecia para levar familiares, porque gozava de nossa total confiança”, explicou. “É fácil pensar que uma pessoa com a condição do senhor Pavão possa ter gente que não simpatize com ele, então não deixamos de pensar que [o assassinato de Jacques] possa ser uma mensagem”, pontuou.

DUPLO HOMICÍDIO

Pela avaliação da advogada de Pavão, portanto, o duplo homicídio ocorrido às 13 horas de segunda-feira pode ser mais um capítulo da guerra entre facções criminosas que buscam o domínio da fronteira para traficar drogas e armas. O ABC Color indica ainda que Jacques administrava os bens do traficante preso em Assunção, a quem visitava com frequência.

Em Dourados, município distante 228 quilômetros de Campo Grande onde Millena morava, Jacques mantinha empresas de telefonia móvel. Mas a jovem o teria conhecido no Paraguai, para onde havia mudado com o objetivo de cursar Medicina.

A irmã de Millena, que sobreviveu ao ataque por ficar deitada no chão da caminhonete, está sob proteção policial. Ele teria sido vista pelos pistoleiros, que optaram por não matá-la. Acompanhada por policiais, a jovem foi levada até o hotel onde estava hospedada para retirar seus pertences pessoais. Não há detalhes sobre o retorno dela ao Brasil.

VISITAS

Na manhã desta terça-feira (3), também de acordo com o ABC Color, o advogado Marco Aurelio Estigarribia se apresentou alegando trabalhar para Jacques e disse que seu cliente estava na capital paraguaia para visitar os cinco filhos. “Ele vive no Paraguai, tem cinco filhos, se casou com duas paraguaias e agora veio visitar seus filhos”, detalhou.

No entanto, fontes da publicação paraguaia indicam que a vítima estava em Assunção para as festividades de Ano Novo. Nesta manhã, uma caminhonete S-10 preta que teria sito utilizada pelos pistoleiros foi encontrada abandonada e já foi apreendida pela polícia do Paraguai.

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