‘Enfiaram a mangueira’: testemunhas dizem que Wesner sempre denunciou agressão

Próxima audiência será em outubro

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Próxima audiência será em outubro

A primeira audiência do caso que julga envolvimento do proprietário e funcionário de um lava-jato na morte do adolescente Wesner Moreira da Silva, de 17 anos, em fevereiro deste ano teve como resumo a confirmação das testemunhas de que Wesner sempre disse ter sido agredido no lava-jato. A informação diverge do que a Polícia Civil apontou no decorrer das investigações.

Foram ouvidas nesta terça-feira (5) sete pessoas, entre elas a mãe, a assistente social que notificou a agressão, enfermeiro que atendeu o adolescente e parentes. Marisilva Moreira detalhou ao juiz Carlos Alberto Garcete a situação do filho e o que ele disse logo depois de ser encaminhado para atendimento médico.

Entre tanta dor relatada pela mãe, a notícia da retirada de metade do intestino do filho foi uma das mais marcantes. “Nos primeiros dias não reconhecia meu filho. E logo depois meu filho (Luciano) veio com a informação de que o médico tinha retirado metade do órgão do Wesner, mas que estava vivo”, relata.

Ainda segundo a mãe, Wesner relatou que a ação dos suspeitos teve início depois que o adolescente teria cobrado uma coca-cola de Willian, dizendo: “Hoje você quem paga a coca”. Segundo a mulher, o filho relatou que Willian mudou de repente a feição e partiu para cima do adolescente.

“Meu filho tentou correr, mas foi alcançado por Willian e levado a força até o Thiago, que abaixou as roupas dele e introduziu a mangueira. Meu próprio filho disse que viu seu corpo inchando, vomitou e em seguida defecou e só então eles pararam”, disse a mãe.

Wesner teria contato à mãe, que mesmo desfalecido no chão ouvia e sentia tudo que estava acontecendo.

Segunda a ser ouvida, a assistente social que na época trabalhava no CRS Tiradentes afirmou que os dois apontados como responsáveis por introduzir a mangueira no ânus de Wesner, Willian Larrea e Thiago Sena, “mentiram o tempo todo”. Ela contou que logo depois da agressão, quando ainda falava, o adolescente disse por várias vezes “enfiaram uma mangueira no meu c*”.

O enfermeiro que atendeu o adolescente também confirmou a frase dita pela assistente social. “Ele estava muito inchado achamos que fosse reação alérgica. Então enquanto eu fazia o acesso venoso perguntei o que havia acontecido e ele me disse ‘enfiaram uma mangueira no meu c*’”.

As informações das testemunhas divergem do que a Polícia Civil informou ter ouvido do adolescente quando ele ainda estava no hospital. Conforme a investigação, Wesner negava ter tido as calçadas abaixadas pelos agressores.

O profissional foi questionado pela defesa dos acusados em razão da perícia da Polícia Civil não ter indicado lesão no ânus no garoto, o enfermeiro respondeu que não fez nenhum tipo de exame no local por não ser o costume no primeiro contato com o paciente.

Irmão, dois primos e uma prima completaram a lista de sete testemunhas ouvidas, uma das testemunhas faltou à audiência. Todos confirmaram que o adolescente tentou correr dos agressores, mas que foi alcançado e agredido. A prima chegou a afirmar que Wesner disse não querer brincadeira “mas os dois só pararam quando ele começou a vomitar”.

O juiz Garcete solicitou que na data marcada para a próxima audiência, 2 de outubro, mais duas testemunhas de defesa sejam chamadas, a assistente social que atendeu Wesner na Santa Casa e o médico legista do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) que avaliou o corpo do garoto.

Parentes de Wesner protestaram em frente ao Fórum da Capital com faixas e cartazes que clamam por justiça.

O caso

Wesner deu entrada na Santa Casa de Campo Grande no dia 3 de fevereiro em estado grave, após ter sido agredido com uma mangueira de compressor por seu patrão e um funcionário do lava-jato onde trabalhava.

‘Enfiaram a mangueira': testemunhas dizem que Wesner sempre denunciou agressão

No dia 3 de março, com faixas e cartazes pedindo justiça, cerca de 30 pessoas entre familiares e amigos de Wesner protestaram em frente ao Fórum de Campo Grande. Eles reivindicam agilidade no processo judicial.