Em 2 anos, quadrilha desviou mais de R$ 1,6 milhão em Três Lagoas, diz PF
Esquema envolvia servidores e oficinas mecânicas
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Esquema envolvia servidores e oficinas mecânicas
O esquema de corrupção desarticulado pela Polícia Federal nesta terça-feira (12) durante a Operação Cambota, pode chegar a um prejuízo de mais de R$ 1,6 milhão aos cofres públicos de Três Lagoas, localizado a 336 quilômetros de Campo Grande. A organização criminosa envolvia três oficinas mecânicas de cidade e servidores do 3º escalão da prefeitura, que juntos superfaturaram mais de 50% da verba destinada a manutenção de carros oficiais em dois anos.
Os delegados da Polícia Federal, Cleo Mazzotti, Alan Wagner Nascimento Givigi e Vinícius Faria Zangirolani, explicaram como o esquema funcionava durante coletiva de imprensa nesta manhã. O grupo é investigado desde o ano passado, agiu em 2015 e 2016 e pode ter superfaturado mais de R$ 800 mil por ano nos serviços de manutenção da frota de veículos oficiais da Prefeitura Municipal.
De acordo com o degelado Cleo Mazzotti, uma empresa de Dourados era a responsável por controlar a gestão de manutenções da Prefeitura. Quando precisava de um serviço, o município enviava o pedido a essa empresa, que através de um sistema de informática, abria a licitação e recebia os orçamentos das oficinas.
A partir daí, servidores do município escolhiam as empresas que fariam a manutenção da frota. É quando, segundo os delegados, o esquema começava.
Conforme o esquema ia sendo investigado, a força-tarefa da PF percebeu o nome das mesmas oficinas em cerca de 70% dos serviços prestados a prefeitura, na grande maioria, eram sempre as mesmas oficinas que enviavam os orçamentos e a primeira a apresentar os valores a empresa, obrigatoriamente ganhava a licitação.
Durante as investigações, a Polícia Federal descobriu alterações de preço de 100 a 200% do normal nos serviços prestados por essas três oficinas. Em alguns casos, os policiais encontraram superfaturamentos em torno de 486% do valor das peças substituídas nos veículos.
Em cada ano em que o esquema funcionou, os policiais identificaram que 50% do valor gasto pelos cofres públicos eram superfaturados, o que totaliza um prejuízo e R$ 1,6 milhões.
Apreensões
Foram cumpridos 20 mandados, sendo 13 de condução coercitiva e 7 de busca e apreensão. Cinco servidores do 3º escalão da Prefeitura, funcionários e dono das oficinas envolvidos no esquema, foram levados para a sede da Polícia Federal e ouvidos.
Além disso, documentos relacionados ao contrato dos serviços com a Prefeitura Municipal foram apreendidos pelos policiais. Ninguém foi preso e agora as investigações do caso continuam para identificar quais eram as vantagens que os servidores recebiam para organizar o esquema.
Ainda conforme a PF, não foram encontrados indícios da participação da prefeita em exercício durante o esquema, Marcia Moura, nem de funcionários do primeiro escalão. Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, estelionato qualificado, corrupção ativa e passiva, cujas penas somadas podem chegar a 26 anos de prisão.
Cambota é o nome popular do Virabrequim, peça responsável pela movimentação do automóvel. Como a fraude consistia em direcionar e majorar serviços nos automóveis da frota, o nome faz alusão à atuação policial, no sentido de desarticular a organização criminosa impedindo sua movimentação.
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