Delegado e peritos reafirmam suspeita de prova plantada no caso de PRF

Os 3 negaram presença de flambadores, que poderiam favorecer PRF

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Os 3 negaram presença de flambadores, que poderiam favorecer PRF

A informação de que haviam dois flambadores no carro do empresário Adriano do Nascimento Corrêa, de 32 anos, foi colocada em ‘xeque’ na tarde desta terça-feira (11), durante depoimento de dois peritos criminais, dois APC (Agente de Polícia Científica) e um delegado ouvidos na segunda audiência do processo do policial rodoviário federal Ricado Hyun Su Moon,de 47 anos, que no dia 31 de dezembro de 2016, matou Adriano após uma briga de trânsito.

O primeiro a depor, delegado Enilton Zalla, plantonista na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) no dia do crime, afirmou ao juiz Carlos Alberto Garcete que os flambadores não estavam na caminhonete Toyota Hilux do empresário.

“Eu achei cápsulas a 200 metros do local e não enxergaria um flambador semelhante a uma arma?”, indagou. Conforme o delegado, as imagens feitas por ele no local também reforçam seu depoimento. As fotos e imagens gravadas por Enilton Zalla foram feitas para serem entregues ao delegado João Eduardo Davanço que assumiria o caso, na troca de plantão.  

“O réu só passou a dizer que a vítima estaria armada depois que teve contato com o advogado”, pontuou.

Zalla informou que chegou, às 6h15, no local e Ricardo já havia sido levado do local pela PM, fora da posição do flagrante e que as vítimas já haviam sido levadas para a Santa Casa por uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). ” No local, a única informação que tive da PM sobre o motivo dos disparos, foi que seria porque a caminhonete avançou na direção do réu”, contou.

A segunda pessoa a ser ouvida, um ACP que auxiliou a perita na vistoria no local do crime, também negou a presença de flambadores no assoalho dianteiro da caminhonete. Ele pontuou ainda que só trabalhou no local do crime e não participou de outras perícias. “Eu vistoriei o carro no dia e não vi flambadores. O exame ocorre no interior e exterior, e naquele momento, os objetos não estavam no local”, afirmou.

Achado dos flambadores

Terceiro a prestar depoimento, um agente de polícia científica que não auxiliou no local do crime, ressaltou a inexistência de flambadores no carro na primeira perícia. Ele participou da perícia realizada no carro no dia 2 de abril, e no dia 4 de abril, quando surgiram os objetos.

O agente ficou responsável por retirar todos os objetos que atrapalhassem as fotos, após a perícia realizada no dia 2 de abril, e negou que estivesse responsável pelos exames no dia 31 de março, quando o carro chegou ao IC (Instituto de Criminalística “Hercílio Macellaro”). “Eu recebi o carro neste dia, mas não trabalhei nele. A primeira perícia só foi realizada no dia 2”, contou.

O achado dos maçaricos, ocorreu no dia 4 de abril, depois que um perito criminal, que teve o nome preservado, questionou o trajeto dos dois primeiros tiros, por meio de um grupo de WhatsApp. A perita responsável, então, teria convidado o colega de trabalho para ir até a caminhonete e discutir o suposto uso da técnica ‘double tap’ , um duplo toque no gatilho, momento em que os flambadores foram encontrados no assoalho do veículo.

O perito que levantou a hipótese do trajeto dos disparos foi a quarta pessoa a ser ouvida, na tarde desta terça-feira. Ele relatou, que assim que a perita responsável visualizou os flambadores retirou os objetos, com as próprias mãos, do veículo e foi até a Coordenadoria Geral de Perícias.

Durante depoimento, o perito chegou a dizer que o achado foi ‘abafado’ pela direção do IC, por cerca de um mês. Segundo ele a diretora e o adjunto proibiram que o achado dos flambadores fosse colocado no laudo, mas por orientação do delegado-geral Marcelo Vargas, o procedimento teve continuidade.  “Eu fiquei sabendo, por boatos que eu fui apontado como responsável por ‘plantar’ os flambadores no carro. Eu estava de férias e na quarta-feira de cinzas fui exonerado”, disse.

Relato que foi contestado pela profissional, que foi a quinta e última pessoa a ser ouvida na segunda audiência do caso. Ela relata que além de ter sido questionada sobre a técnica usada no tiro, pelo colega, ele teria dito durante uma conversa informal, que a inexperiência poderia ter a impedido de encontrar os flambadores.

Ela pontuou que a direção não tentou abafar o caso. “Em momento nenhum eu fui proibida de algo, a coordenação disse para evitarmos boatos”, disse.

A profissional afirmou ter convicção de que os flambadores foram plantados no carro e revela pontos questionáveis após o encontro dos flambadores.

“O que achei mais estranho, é que uma emissora de televisão telefonou para o diretor do IC 20 minutos após o achado dos flambadores, pedindo para realizar uma complementação de imagens, ou seja, eu não estava de plantão, mas fui até o IC e encontrei os flambadores, se eu não tivesse lá, com certeza os objetos seriam filmados. Acho isso completamente estranho”, pontuou.

Sou amigo pessoal

Ainda durante depoimento, a servidora disse que o colega de trabalho sempre teve muitas informações do caso, e até de ligações recebidas, que nem os profissionais que estavam no caso tinham conhecimento. Ele até teria dito que “é amigo pessoal do advogado do acusado”, ressaltou.

Nesta quarta-feira (12), o réu, as testemunhas de defesa e a vítima de 17 anos, que não foi ouvida no último dia 5 de abril, prestam depoimento.

Matéria editada às 19h36 para inclusão de informações

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