Setor movimentou R$ 176 milhões em propinas, segundo ex-executivos

Novas delações de ex-executivos da empreiteira Andrade Gutierrez relataram à Operação Lava Jato que a empresa mantinha uma “tesouraria interna” dedicada especialmente a pagamentos de propinas e caixa dois para agentes públicos, similar ao Setor de Operações Estruturadas da .

A tesouraria chegou a movimentar R$ 176 milhões, oriundos de contratos falsos com empresas de fachada de sócios da Andrade Gutierrez. O dinheiro era operado pelo doleiro Assir Assad.

Os executivos da Gutierrez primeiro conversavam com o setor antes de negociar valores a serem pagos a agentes públicos, que em troca ofereciam vantagens à empresa em obras públicas.

Algumas das obras que receberam propina da tesouraria foram o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), a Ferrovia Norte-Sul e estádios da Copa do Mundo. Os pagamentos já eram conhecidos da Lava-Jato, relatados em delações realizadas em 2015.

Segundo a Folha de São Paulo, um “recall” deve ser feito pela Lava-Jato, que chamará ex-executivos para que façam uma nova delação, relatando que a tesouraria também pagou propina em obras de São Paulo, como o Rodoanel e linhas do Metrô.

A empresa foi multada em R$ 1 bilhão por causa de seus pagamentos de propina. Procuradores da Procuradoria-Geral da República e da força-tarefa da Lava-Jato ainda não sabem dizer se a empresa terá de pagar um valor adicional após o “recall” e novas delações.

Procurada pela Folha, a Andrade Gutierrez disse, por meio de sua assessoria, que não iria se manifestar sobre a delação de ex-executivos que relataram a existência de uma “tesouraria interna” na empresa.

De acordo com os investigadores, suposta propina paga por empreiteiras no Estado era repassada de diferentes formas. Parte vinha de contratos fictícios de consultoria de Assad. 

(com supervisão de Ludyney Moura)