Vereador registra queixa por injúria racial após sessão na Câmara de Dourados

Aguilera de Souza disse ter sido ofendido por ser indígena

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Aguilera de Souza disse ter sido ofendido por ser indígena

O vereador Aguilera de Souza (PMDB) registrou queixa por injúria racial nesta terça-feira (7). Ao delegado Adilson Stiguivitis, titular do 1º Distrito Policial de Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande, o parlamentar indígena, da etnia Guarani Ñandeva, denunciou um homem identificado como Márcio por tê-lo ofendido durante a sessão da Câmara Municipal de segunda-feira (6).

Como noticiado em primeira mão pelo Jornal Midiamax, após a tumultuada votação do projeto de lei que autoriza o município de Dourados a conceder à Sanesul a exploração dos serviços de saneamento básico por 30 anos, um homem da plateia teria questionado o voto favorável de Aguilera.

No depoimento que prestou hoje à polícia, o vereador disse que o suposto ofensor teria gritado em tom pejorativo “até você índio?”, manifestação considerada de “caráter jocoso e preconceituoso” por Aguilera.

O parlamentar afirmou que sentiu-se ofendido por considerar que “o ofensor insinuou que ele não reuniria condições intelectuais e culturais para encontrar-se ali naquele momento, exercendo o mandato que lhe foi outorgado pela população”.

Professor universitário e morador na Aldeia Jaguapiru, na Reserva Indígena, Aguilera de Souza está no primeiro mandato e foi eleito em 2012 com 1.419 votos. Naquele ano, já havia sido vítima de ofensas raciais por uma jovem que criticou índios por uma rede social.

Diante da nova ofensa que alega ter sofrido, o vereador pediu o prosseguimento das investigações, informou que as sessões da Câmara são gravadas em áudio e vídeo e apontou cinco possíveis testemunhas que estariam sentadas próximas ao suposto agressor.

POLÊMICA NA CÂMARA

Dentre as pessoas indicadas por Aguilera para testemunhar sobre a injúria que diz ter sofrido, há uma assessora de Virgínia Magrini (PP), vereadora que em 2015 denunciou o colega de parlamento Maurício Lemes (PSB) por tê-la apalpado as nádegas. Na ocasião, contudo, o Legislativo afirmou que justamente a câmera direcionada ao plenário estava desativada para manutenção, o que dificultou as investigações.

Lemes sempre negou as acusações da colega de Legislativo, mas chegou a ser suspenso por 20 dias como punição aplicada pela Comissão de Ética da Câmara.

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