Choque foi acionado para conter tumulto

A chegada da tia suspeita de torturar um menino de 4 anos em , causou um princípio de rebelião no Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi, na tarde desta quarta-feira (24), sendo necessária a remoção das demais detentas das celas, pelo BPChoque (Batalhão de Choque da Polícia Militar) e transferência da agressora confessa para outra cidade.

Segundo o diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Ailton Stropa Garcia, as detentas souberam que a tia seria levada para o presídio pela televisão e começaram o protesto. “Assim que ela chegou, as detentas começaram a forçaras celas, para ir atrás dela e precisamos pedir apoio do Choque e daí já aproveitamos a presença deles para fazer uma vistoria nas celas. Por isso foram levadas para o pátio”, explicou, ao destacar que ao todo são 358 detentas, distribuídas em 13 celas.

Ainda segundo o diretor-presidente, diante da reação das presas, a Agepen entendeu que seria mais seguro transferir a tia para outra unidade e como a Capital possui apenas um presídio feminino, ela terá que ser levada para outra cidade.

O tio do menino, que foi levado para uma unidade prisional de Campo Grande, ficará junto com os presos por suspeita de estupro e maus-tratos a menores. “São entre 200 e 300 detentos nesta condição, na unidade”, ressaltou.

A entrega de mantimentos, que acontece sempre nas quartas-feiras, foi suspensa hoje e só volta na próxima semana. A diarista Camila Cristina da Silva, que foi entregar os levar produtos de higiene para a irmã, presa a um mês por tráfico, ficou revoltada com a situação. “É uma injustiça, vou ter que voltar com todas essas sacolas e além de tudo, ela vai ter que ficar uma semana sem as coisa”, protestou.

O terceiro suspeito de participar das sessões de tortura, um rapaz de 18 anos, também foi preso nesta tarde, em Aquidauana. Segundo o delegado Antonio Souza Ribas Junior, o jovem admitiu morar junto com o casal, mas negou participar do crime. Ele seria primo do garoto.

O caso

A criança foi resgatada na noite desta terça-feira (23) depois de uma visita de rotina do abrigo que constatou os machucados no menino, que tinha muitas lesões pelo corpo, nas costas, pescoço e teve a unha do dedão do pé arrancada, além de ter água quente derramada em sua cabeça.

A criança foi levada para a Santa Casa da Capital e segundo informações da enfermeira que atendeu o menino, ele pode até perder a visão dos dois olhos devido às agressões sofridas.

O casal, de 31 e 46 anos, tios do menino tinham a guarda desde maio de 2015. O menino tem uma irmã, que ainda está no abrigo.  Na residência que fica na região central de Campo Grande, foram encontrados dois celulares, R$ 402, pulseiras de miçangas, patuá e um boneco, que segundo informações eram usados em prática de magia negra.

A justificativa para tanta barbárie seria o diabo, como disse a tia. Segundo a autora, eles ouviam vozes, que eram do diabo, e por isso, praticavam as torturas. O caso foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro e deve ser repassado para a DPCA (Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente) para investigação.