A mulher está presa em Corumbá

Três dos presos por envolvimento na tortura de um menino de 4 anos em rituais de magia negra foram ouvidos nesta quarta-feira (29) durante a segunda audiência de instrução na 7ª Vara Criminal. Na frente do juiz, os suspeitos mudaram os depoimentos que deram para a Polícia Civil e creditaram a tia-avó do menino, que está presa em Corumbá, autoria do crime.

De acordo com o promotor Celso Antônio Botelho de Carvalho, diferente do que contaram na Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) na época da prisão, o tio-avô e o primo da vítima, de 46 e 18 anos respectiva, culparam a tia-avó do menino por todas as agressões. Do mesmo jeito, a avó adotiva da criança entregou a própria filha como autora das torturas durante os rituais.

Anteriormente, na delegacia, os dois presos afirmaram que a mentora do crime seria a avó adotiva do menino. Ainda conforme o promotor, ao contrário do que o advogado Marcos Ivan afirmou inicialmente a imprensa, em conversa com a psicóloga as duas filhas biológicas do casal revelaram que assistiam aos rituais e que os quatro suspeitos participavam das cerimônias, elas só não confirmaram as violências contra a criança.

“Já foi contatado que os rituais aconteciam em horários que as crianças não estavam em casa. O corpo do menino já fala o aconteceu, nos estamos atrás dos autores”, afirmou o promotor. Um vídeo dos rituais foi encontrado no celular da filha mais velha do casal, de 12 anos. O aparelho foi apreendido e encaminhado para perícia.

Agora, o juiz espera o depoimento da tia-avó da criança, que está presa em Corumbá e por isso será ouvida pela justiça do município. O depoimento ainda não tem data para acontecer, mas depois desde processo, somado com os laudos do vídeo e ao depoimento de duas testemunhas por carta precatória, as audiências de instrução terminarão e o julgamento dos suspeitos começará.

Conforme Celso Antônio, em nenhum momento deste processo o menino de 4 anos será ouvido, segundo ele, porque a justiça entendeu que não há necessidade de fazê-lo reviver as agressões. A criança se recupera com uma família em Minas Gerais e segue na fase a adaptação, sempre recebendo acompanhamento médico e psicológico.

“Já na delegacia toda vez que a psicóloga tentava conversar, ele baixava a cabeça e travava. Possivelmente agora também não iria ter nenhum resultado”, explicou o promotor. “Nós somos livres para escolher a religião que queremos, mas não podemos, em nome dessa religião, machucar alguém”.

De acordo com o advogado Marcos Ivan, um pedido de soltura para a avó adotiva do menino foi entregue ao juiz, que pode decidir pela liberdade da mulher, ou até mesmo pela prisão domiciliar.