Ela se disse evangélica, mas vizinhos denunciam ‘barulhos’

Durante depoimento realizado na tarde desta terça-feira (1º) C.V.M., de 60 anos, acusada de participar de supostos rituais de magia negra envolvendo um menino de 4 anos, voltou a negar que participava dos rituais realizados pela pela filha e genro, mas segundo o delegado Paulo Sérgio Lauretto da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) é evidente a participação da idosa em rituais.

Segundo o delegado, durante buscas na residência da idosa não foi encontrado nenhum objeto que indicasse a realização de rituais, mas vizinhos relataram que até o mês de outubro do ano passado era possível ouvir barulhos vindo da casa da idosa. “Pessoas que moravam perto dela em disseram que ouviam barulho e era constante a movimentação de pessoas na residência. O que torna evidente a prática de rituais”, diz o delegado.

O delegado destaca ainda que o depoimento de Giovani da Silva Ortiz, de 18 anos, foi fundamental para confirmar a participação da mulher nos rituais e nas ‘sessões’ de tortura. No depoimento desta tarde, a idosa voltou a dizer que é evangélica e que não participava de nenhum tipo de ritual. “Ela disse que os outros três envolvidos são pessoas mentirosas, estão mentido”, diz o delegado

A idosa destacou durante conversa com o delegado que viu a criança apenas um vez em novembro do ano passado durante uma visita na casa da filha. Ela teria vindo à para comprar um medicamento e acabou passando na casa da filha para vê-la.

Durante seu depoimento, segundo o delegado, a idosa demonstrou não se importar muito com o que está acontecendo. “ Ela demonstrou ser uma pessoa muito fria, articulada e não demostra estar abalada com o que está acontecendo. Nem em relação a tortura e muito menos com sua prisão”, conta o delegado. Com a prisão preventiva decretada desde esta segunda-feira (29), a idosa será indiciada por tortura e associação criminosa e pode pegar até 15 anos de prisão.

O inquérito civil está previsto para encerrar na próxima sexta-feira (4) e segundo o delegado ainda serão ouvidas nesta semana a diretora de uma Ceinf (Centro de Educação Infantil)) e uma vizinha do casal de tios. A criança será ouvida novamente, mas desta vez por psicólogos da 7ª Vara Criminal de Competência Especial.

Por determinação do diretor-presidente da (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) Ailton Stropa Garcia, C.V.M. foi encaminhada para uma Delegacia de Civil da Capital, mas o local exato não foi revelado por questões de segurança. O diretor destaca que todos os envolvidos estão sendo ameaçados e por isso serão mantidos em locais separados dos demais presos.

O tio e o primo da criança estão separados da massa carcerária no Instituto Penal de Campo Grande e a tia está em Corumbá, cidade a quilômetros de Campo Grande, em um delegacia de polícia. Ela foi transferida depois presas fizeram protesto e não aceitaram a presença dela no estabelecimento penal do município.