Execução pode ser represália a postagens contra narcotraficantes

“Bandidos FDP não vão mandar na cidade”

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“Bandidos FDP não vão mandar na cidade”

Uma das hipóteses extraoficiais para explicar a execução do policial civil Aquiles Chiquin Junior, de 34 anos, está ligada a postagens nas redes sociais. Ele foi fuzilado nesta terça-feira (14) em Paranhos, a 477 quilômetros de Campo Grande, e a morte pode ser represália a servidores que teriam confrontado narcotraficantes por ‘abusar’ das dificuldades da segurança pública para manter a ordem na região de fronteira.

Por enquanto, todos acham pouco provável que Aquiles ou familiares tenham alguma ligação com o narcotráfico que pudesse explicar o ataque. A hipótese de que ele tenha morrido como um ‘recado’ para as forças policiais brasileiras revolta servidores da área.

Bandidos FDP não vão mandar na cidade. Recado tá dado, xará”, dizia uma das mensagens que já foram apagadas do Facebook. Os posts teriam sido publicados após membros de grupos criminosos terem ‘passado do limite’ e estabelecido até um toque de recolher na cidadezinha de 12 mil habitantes. O dono do perfil, dizem, está arrasado.

Patrulha Narco

Há relatos de que, desde a última sexta-feira (10), narcotraficantes estariam atuando ostensivamente nas ruas. Um grupo armado com fuzis na carroceria de uma caminhonete teria chegado a visitar bares e outros locais públicos em território brasileiro ‘ordenando’ que fechassem as portas logo que o dia escurecesse.

Poucas pessoas aceitam comentar o episódio. Um paraguaio que mora no lado brasileiro, no entanto, quando se sentiu seguro e verificou várias vezes se era observado por alguém, confirmou em voz baixa que a ‘patrulha narco’ aconteceu mesmo.

Uma rádio paraguaia teria inclusive veiculado mensagens com ‘orientações’ sobre como proceder para evitar problema com os traficantes e sugerindo que os paraguaios evitassem passar para o lado brasileiro.

Pedido de ajuda

Policiais civis relataram que os colegas de Paranhos teriam inclusive pedido reforços há alguns dias. “Uma equipe da delegacia vizinha chegou a vir para cá, mas como não houve nada, retornaram. O pessoal já estava antenado que alguma coisa grave ia rolar”, contou um investigador.

A reportagem tentou falar com o delegado titular de Coronel Sapucaia, que também atende Paranhos porque a cidade não possui uma delegacia própria, mas os delegados que se reuniram hoje, após o crime, estavam em reunião. Os celulares não atenderam e na delegacia a informação não foi oficialmente confirmada. “Não podemos informar nada”, disse a atendente.

Diante do avanço dos narcotraficantes sob a cidade, um policial resumiu em uma postagem as opções para os servidores da segurança pública na região de fronteira: “ou se omite, ou se corrompe, ou vai à guerra”. A mensagem também foi apagada, mas a indignação continua.

“A Sejusp está em débito conosco. Temos de ter estrutura para essa guerra, senão vamos continuar morrendo igual pombos”, reclamou um policial. Colegas imediatamente sugeriram que ele ficasse quieto por estar muito nervoso. Na fronteira, a lei do silêncio não respeita distintivos.

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