Aposentado alega que não pretendia matar

 

O aposentado João Francisco Lopes, de 59 anos, preso na tarde desta terça-feira (27), apontado como autor do disparo que matou o jornalista Nicodemos Moura Rodovalho de Alencar, 53 anos, foi apresentado pela Polícia e afirmou que efetuou o tiro para “assustar” o homem, que estaria ameaçando uma jovem com quem teria um caso no Bairro Nova Lima. Alencar, que também era ex-escrivão da Polícia Civil, levou um tiro enquanto dirigia seu carro, um Corsa, pelo Bairro Nova Lima. Lopes foi preso no Jardim Colúmbia, na região norte da Capital, enquanto bebia em um bar com um conhecido. Ele afirma que é aposentado por invalidez, casado e pai de dois filhos, e não tem passagens pela polícia. 

Em entrevista ao Jornal Midiamax, Lopes afirmou que conhecia a menina, que teria envolvimento com os dois homens, desde que ela era criança, e que há cerca de 4 anos eles teriam um relacionamento, tendo inclusive registrado um dos filhos dela, de 3 anos, como sendo seu, embora soubesse que não era o pai. Ainda segundo o suspeito, eles tinham uma relação que envolvia alguns favores, como caronas e dinheiro, e que recentemente, Nicodemos vinha ameaçando a jovem de 18 anos. Nesta segunda-feira (26), ela chegou a registrar um Boletim de Ocorrência em razão das ameaças.  

O autor afirmou que não conhecia Nicodemos direito, e que quando atirou, saiu imediatamente do local e só depois soube que ele estava morto. A arma do crime apreendida pela polícia, segundo ele, foi comprada há mais de 10 anos de um guarda. O suspeito disse também que foi a primeira vez que utilizou o revólver. Ele relatou ainda que na manhã desta terça (27), Nicodemos continuava ameaçando a jovem, e perseguindo os dois.

“Eu estava dirigindo pelo bairro, quando ele – Nicodemos – me viu e passou a me perseguir novamente. Ontem ele chegou até a bater o carro nos perseguindo, mas hoje, na hora, só peguei a arma e atirei na direção dele, mas não tinha intenção de matar. Tenho problema de visão e nunca havia atirado antes”, disse o acusado. O disparo atingiu a cabeça da vítima, que, ferido, perdeu o controle do veículo e bateu no muro. 

O delegado responsável pelo caso, Valdir Rogério Beneti, informou que a jovem, que mantinha um relacionamento com Nicodemos, estava trabalhando no momento do assassinato, mas que será apurado se ela possui alguma ligação com o crime. Foi por meio dela que a polícia localizou o suspeito. Ainda segundo o delegado, em 2015 a mesma jovem registrou um Boletim de Ocorrência também por ameaça contra Lopes, mas a denúncia não foi levada a diante. O delegado também confirma que a jovem havia registrado na última segunda-feira (26), um boletim de ocorrência contra o jornalista por ameaça. 

Relacionamento 

O relacionamento entre a jovem e o jornalista seria conturbado, de acordo com vizinhos dela. A mulher morava há aproximadamente um mês na residência no Bairro Nova Lima, junto com a filha, uma criança de apenas 4 anos, que o suspeito da morte negou que fosse sua filha biológica.  Os vizinhos dizem que a jovem recebia ajuda financeira do jornalista e ele teria a ajudado a conseguir um emprego. No último domingo, os dois brigaram e ele teria voltado na casa dela, gritando para que a jovem pagasse o que devia. 

O suspeito do crime teria falado para a vítima que eles pagariam, porém Nicodemos teria continuado a incomodar a jovem, rondando a casa em um veículo em alta velocidade. Ele e o suposto rival teriam discutido e trocado ameaças, que se concretizaram com o crime.

Em 2012, Nicodemos foi expulso da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, após ser julgado pelos crimes de estupro e estupro de vulnerável. Em um dos casos, ele teria forçado uma adolescente de 15 anos a ter relações sexuais com ele, e chegou a ameaçar a jovem com uma arma. Ele atuava como escrivão no município de Amambai.