Pai do sírio Ayla: “se me dão agora o mundo, de que serve?”
Abdullah Kurdi não conseguiu salvar os dois filhos em meio às ondas no Mediterrâneo
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Abdullah Kurdi não conseguiu salvar os dois filhos em meio às ondas no Mediterrâneo
Abdullah Kurdi, pai da criança síria afogada em uma praia da Turquia, cuja imagem se transformou em símbolo da tragédia dos refugiados, afirmou neste domingo (6) que as ofertas de asilo que têm recebido chegaram tarde demais.
“Se me dão agora o mundo inteiro, de que me serve? Já não tenho nem mulher nem filhos”, disse em entrevista ao jornal Le Journal du Dimanche, e ressaltou que terem o pedido formal de asilo como refugiados negado foi o que os levou a fazer essa viagem clandestina.
A família vivia em Damasco, mas a intensificação do conflito sírio os fez partir primeiro para Aleppo, depois para Kobani e em seguida para Istambul, cidade em que contou que não era possível viver.
“Para qualquer família síria emigrada, a menos que haja membros da família que trabalhem, é impossível sobreviver”, assinalou Kurdi, que contou ter entrado com um pedido de refúgio ao Canadá, onde vive uma de suas irmãs.
Ela garantiu que estava disposta a assumir toda a família, e que com isso o governo canadense não teria nenhuma despesa, mas as autoridades canadenses, que negam ter recebido esse pedido, “não aceitaram”.
Sua esposa, Rehan, e seus dois filhos, Aylan Kurdi e Galip, de três e cinco anos, morreram na noite de terça-feira (1º) após o naufrágio da barca em que viajavam tentando chegar a uma ilha grega.
A família, contou Kurdi, pagou quatro mil euros aos traficantes para que organizassem a travessia até Kos, onde embarcaram em um bote com outras nove pessoas desde o balneário turco de Bodrum.
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