Funcionária pediu dinheiro com promessa de cirurgia neurológica para marido da vítima

A dona de Maria Cristina Mariano de Lima, de 45 anos, denunciou à Polícia Civil um golpe que teria sido vítima. Segundo ela, uma mulher que se identificava como advogada da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) a convenceu a entregar R$ 17 mil para viabilizar uma cirurgia para o marido dela, Sidnei Sidney Aparecido de Lima, de 50 anos, que foi diagnosticado com doença de Parkinson há sete anos. 

De acordo com Maria Cristina, que é de Paranaíba, cidade a 413 quilômetros da Capital, a suposta advogada a convenceu a pagar pelos eletrodos que seriam usados na cirurgia e a fazer um cartão do SUS para o marido, como se ele morasse em .

Segundo Maria Cristina, o contato com a suposta advogada começou em 2014. Ela trabalhou na campanha de um candidato a deputado de Três Lagoas, que sabendo dos problemas de saúde do marido, passou o telefone da suposta advogada, dizendo que ela poderia ajudar na viabilização de uma cirurgia.

Maria Cristina conta que entrou em contato com a suposta advogada, que questionou se ela já havia ingressado com alguma ação contra o Estado. Diante da negativa, a advogada falou para ela encaminhar os laudos do neurocirurgião e um endereço na Capital, dizendo que poderia ajudar. A mulher teria falado que ela e o secretário municipal de Saúde, Jamal Salem, estavam procurando um médico para fazer a cirurgia.

Os contatos telefônicos continuaram e a vinda da família para Campo Grande, para fazer a internação do marido, ficou acertada para o dia 11 de fevereiro. Dois dias antes, em novo contato, a data mudou para o dia 23 de fevereiro.

No dia a suposta advogada disse ter conseguido o médico, mas informou que o SUS (Sistema Único de Saúde), na iria cobrir os custos dos eletrodos necessários para cirurgia. Segundo Maria Cristina, a suposta advogada disse que os eletrodos custariam R$ 138 mil, mas que conseguiria R$ 102 mil com doações. O restante teria que ser custeado por ela. Maria Cistina então conseguiu R$ 17 mil emprestados e teria dado à mulher.

A suposta advogada ainda orientou a dona de casa a mudar o titular da conta de água da casa do cunhado, para o nome do marido dela, para que conseguissem emitir o cartão do SUS com o domicílio em Campo Grande. “Eu acreditei nela. Achei que fosse realidade. Ela me levou na Sesau para eu acreditar”, diz.

A cirurgia continuou a ser protelada, por conta dos eletrodos, que chegariam dos Estados Unidos. A última data seria o dia 9 de maio. “Ela dizia que cada dia do meu marido era um ano, que precisava fazer a cirurgia”, relembra. Em Campo Grande, a família ficou sabendo mais uma vez que não teria cirurgia e Maria Cristina foi até a Sesau para tentar falar com o secretário.

Lá ela teria falado com o assessor do secretário municipal de Saúde, que confirmou que a suposta advogada trabalhava lá. Segundo a denunciante, Jamal entrou na sala e falou que sabia da situação dela e que tudo seria resolvido, que a Sesau voltaria a entrar em contato com ela, mas até agora, nada foi feito.

A mulher procurou mais uma vez o assessor do secretário, que disse que a suposta advogada havia dito que ela entregou R$ 17 mil voluntariamente. Depois, a mulher ainda disse que trabalhava em uma ONG (Organização Não Governamental) e começou a prometer a realização da cirurgia no Hospital Militar. 

Maria Cistina então procurou a polícia e entregou os comprovantes de transferências bancárias e gravação telefônica, que ela diz comprovar que a suposta advogada falou várias vezes que conseguiria a cirurgia e com a anuência do secretário municipal de Saúde.

A Sesau informou ao Jornal Midiamax que os procedimentos para marcação de cirurgias via SUS são feitos através do Sistema de Regulação de acordo com a abertura de vagas, sem gerar custos para o paciente. Sobre o caso denunciado, foi orientado que a vítima registrasse o caso na polícia e também na Ouvidoria da Sesau.

De acordo com publicação do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande), a suposta advogada foi exonerada da Sesau na última quinta-feira (14).