Investigação: veículo seria trocado por fuzis

A curiosidade e a dúvida de um caminhoneiro fizeram com que o veículo dele, um bitrem, não fosse roubado. O fato inusitado ocorreu na manhã desta terça-feira (16), em , na saída de Sidrolândia. O nome da vítima foi preservado.

A ação foi realizada pela Derf (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos). Foi preso Maicon Oliveira Rodrigues, de 18 anos, e apreendido um adolescente de 15 anos, que teve o nome preservado por conta do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). A polícia acredita que há mais envolvidos no roubo.

Roubo

A vítima relatou que é de Presidente Venceslau (SP) e que recebeu uma ligação de um homem identificado como Franklin. “Ele disse que era pecuarista e que em uma das fazendas dele, que fica no trecho entre Campo Grande a Sidrolândia, havia um serviço para ser feito”, conta.

O serviço era para transportar farelo de soja para outra propriedade que fica em Maringá (PR). “Ele disse que era 38 toneladas e eu informei que daria ao menos três viagens, de uma fazenda para outra”, recorda a vítima, que afirmou que o pagamento seria de R$ 3 mil cada viagem.

“Este é um valor normal de mercado. Então, não vi nada de errado. A única coisa que desconfiei, foi que ele queria me encontrar em um posto de combustíveis para mostrar onde é a fazenda a 1 hora”, diz.

A ligação foi feita na sexta-feira (12) e nesta terça-feira (16), a vítima veio para Campo Grande, porém atrasou a viagem propositalmente. “Quando era perto das 7 horas, ele me ligou dizendo que não me encontraria mais, e sim dois funcionários”, recorda.

O caminhoneiro disse que ao chegar ao ponto de encontro estranhou os supostos funcionários. “Quando vi que eram ‘pequenos' disse que não aguentariam carregar o caminhão. Então aproveitei para ir ao banheiro e tomar um café”.

Neste período a vítima começou a questionar com os demais motoristas do local a respeito do trabalho que faria, falando do pecuarista, do serviço e que veio de fora de Mato Grosso do Sul. Minutos depois, ele saiu do posto de combustíveis com os supostos funcionários.

“De repente um dos jovens começou a mexer na bolsa e quatro viaturas me cercaram. Só vi quando um deles jogou algo embaixo do banco. Depois que fiquei sabendo que era um assalto. E a arma de fogo estava embaixo do banco”, relata.

Denúncia

A curiosidade do caminhoneiro no posto de combustíveis fez com que uma das pessoas ligasse para a polícia denunciando o roubo. “Proprietários de fazendas em regiões de estrada sempre são conhecidos na localidade, e como a vítima estava desconfiada fazendo pergunta, puxando assunto, aquilo chamou ainda mais a atenção dos demais  que estava no ponto de parada e um deles acabou ligando para gente”, explica o titular da Derf, Ivahyr Luiz de Campos.

“Acreditamos que esta não era a primeira vez que este bando agia e com certeza eles são daqui do Estado, pois os telefones que entraram em contato com a vítima têm o prefixo daqui”, conta o delegado.

A dupla contou que receberia R$ 4 mil, porém não sabe quem os contratou, pois o acordo foi feito por telefone. “Depois que eles rendessem a vítima, a ordem era para ligar para o contratante para saber qual seria o próximo passo. Sendo assim, eles não sabem para onde iria o veículo”, frisa.

O bitrem custa em média R$ 240 mil e uma das hipóteses é que ele seria trocada por ao menos 31 fuzis. “Temos outras linhas de investigações também, por enquanto nada está descartado”, finaliza Ivahyr.