Violência sexual era desconhecida

Na manhã desta quarta-feira (15), o delegado da 1ª DP (Delegacia da Polícia Civil), Miguel Said, informou que durante a investigação, um fato lhe chamou a atenção e causou dúvidas da existência de um suposto crime de estupro que teria ocorrido anteriormente e que teve consequências na morte de Bruno Soares da Silva. Ele era supervisor e professor de informática de uma escola de cursos profissionalizantes que fica na Rua Maracaju, na área central. O fato ocorreu no dia 16 de março, no início do expediente.

Inicialmente, Francimar alegou ter ficado sabendo que a esposa foi abusada pelo colega de trabalho. A mulher teria denunciado o estupro quase um mês depois do crime. Ela disse que não teve coragem de procurar a polícia e contou o fato posteriormente para familiares e até para colegas de trabalho.

A mulher disse também que procurou a direção da escola para denunciar o crime, mas que ninguém teria tomado  providência, pois o “crime ocorrera fora do ambiente de trabalho”. “Não somos responsáveis por investigar se houve ou não o estupro, mas acabamos entrando nesta questão, pois a princípio, ele foi o fato que desencadeou a morte da vítima”, explica Miguel Said.

O delegado revelou que ouviu inúmeras pessoas como parentes, amigos e colegas de trabalho, porém ninguém teve o conhecimento do fato. “A única pessoa que falou que sabia do suposto crime era uma cunhada dela e mesmo assim, ela ficou sabendo do fato próximo do dia em que Bruno foi assassinado”, enfatiza.

Said também diz que os responsáveis pela escola não tinham conhecimento do fato. “Eles contaram que ela estava insatisfeita com o trabalho e que várias vezes procurou a direção pedindo que a dessem a demissão, porém foi informada de que eles não a dariam, mas que ela poderia pedir. Proposta que não foi aceita pela mulher que trabalha no setor de matrícula do local”, além disso, “eles alegaram, não saber que a mulher estava sendo ‘assediada' pela vítima no ambiente de trabalho e do estupro, pois eles tiveram conhecimento dos fatos pela mídia”

Com base nisso, os policiais estranharam a versão dada pela vítima de que o fato foi comunicado no trabalho. “Não houve dispensa do trabalho por conta do mal-estar causado pela violência no ambiente de trabalho”, afirma.

Colegas de trabalho

O delegado colheu depoimentos de diversos colegas de trabalho de Bruno e da esposa de Francimar. “Todos eles descreveram o professor como alegre, extrovertido e brincalhão, porém todos foram enfáticos que ele não ‘cantava' ninguém e que este tipo de comportamento que foi falado dele, não condiz com o que ele era”.

“Com isso, não chegamos a nada palpável que de fato houve o crime e a vítima não trouxe nenhum elemento que comprovasse esta violência. No dia do crime, ela não denunciou, não gritou, não tomou nenhuma atitude que pudesse mudar o comportamento, como pedir dispensa, denunciar o colega, sair do trabalho…”. Com isso, o delegado concluiu o caso do assassinato. “Francimar será indiciado pelo crime de homicídio doloso, quando há intenção de morte, qualificado pelo motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima. Além disso, o irmão dele, Daires está sendo indiciado por copartícipe, por ter fornecido a arma de fogo usada no crime”, diz Said.

Já o caso do estupro está sob a responsabilidade da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) de .