A polícia prendeu na tarde desta sexta-feira (12) um suspeito de ter provocado o incêndio que atingiu parte da casa de Patrícia Moreira, a jovem que proferiu injúrias raciais contra o goleiro Aranha, do Santos. O fogo começou por volta das 4 horas da manhã. Não havia ninguém no local, que está fechado desde o dia do jogo entre Grêmio e a equipe paulista, pela Copa do Brasil.

O suspeito foi preso nas proximidades da 14ª Delegacia de Polícia, na zona norte de Porto Alegre. De acordo com o delegado Thiago Baldin, o homem foi apontado por uma testemunha do incêndio e posteriormente identificado pela polícia.

De acordo com o advogado de Patrícia, Alexandre Rossato, o Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado para conter as chamas.

– O incêndio foi de pequenas proporções, mas houve o incêndio.Pegou uma parte pequena da casa e ninguém se feriu – garantiu o advogado ao GloboEsporte.com.

Depois de inicialmente negar a ocorrência, o Corpo de Bombeiros confirmou o fogo na residência de Patrícia. De acordo com a corporação, o incêndio foi de pequenas proporções e quando a equipe chegou ao local o fogo já havia sido controlado por vizinhos e familiares.

De acordo com um dos irmãos de Patrícia, o fogo foi ateado em um banco de madeira.Vizinhos perceberam as chamas, por volta das 4h, e apagaram antes que pudessem atingir a residência. Segundo o delegado da Polícia Civil Thiago Baldin, uma vizinha foi convocada a prestar depoimentos sobre o caso.

– A vizinha que viu comunicou um dos irmãos da patrícia às 4h. Não há registro de chamado nos Bombeiros, e a Polícia Civil não havia sido comunicada. Ela (vizinha) foi levada para a DP para tomarmos o depoimento dela agora, para ver se ela viu alguém. Preservamos o local e estamos aguardando a equipe do Instituto Geral de Perícias para realização da perícia. Apenas o irmão dela, que é o dono da casa, entrou lá – relata.

Uma das vizinhas, a atendente Márcia Muller, se disse “impressionada” com os acontecimentos e defendeu Patrícia, a quem conhece há cerca de dois anos.

– Eu esto impressionada com o modo como eles estão agindo. O que tem a casa a ver? Ela já está pagando pelo que fez. Vao fazer o que agora com ela? É uma ignorância. Ela não é racista, ela tem amigos próximos que são morenos – contou.

Diante da repercussão do caso, Patrícia evitou dormir em casa nos últimos dias. Ela se refugiou em residências de parentes e amigos para evitar retaliação. Nem a mãe diz saber de seu paradeiro. Pedras foram jogadas em direção a sua casa. O GloboEsporte.com visitou a região na tarde de sábado e ouviu os vizinhos. Amigos negros da menina de 23 anos garantem que ela não é racista.

Na última semana, Patrícia prestou depoimento à polícia e fez um pronunciamento à imprensa. Ela negou ser racista e pediu perdão ao goleiro Aranha.

As injúrias raciais proferidas por torcedores gremistas contra o goleiro tiveram outro desdobramento. Em julgamento na quarta-feira, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu, por unanimidade, excluir o Grêmio da Copa do Brasil. No primeiro duelo das oitavas de final, os paulistas bateram os gaúchos por 2 a 0. O jogo de volta já havia sido suspenso até o julgamento do caso no STJD.