O delegado titular da 17ª Delegacia Policial de São Cristóvão, Maurício Luciano, aguarda para qualquer momento a adesão do jovem universitário Fábio Raposo, 22 anos, ao instituto da delação premiada. Fábio foi preso na manhã deste domingo na casa dos pais, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio. Ele foi indiciado como co-autor do atentado que feriu no último dia 6, na Central do Brasil, o cinegrafista Santiago Andrade, da Rede Bandeirantes de Televisão, durante manifestação popular contra o aumento da passagem de ônibus.

Luciano disse, em entrevista coletiva no início da tarde, que o rapaz está sendo convencido pelo advogado Jonas Tadeu Nunes e pela própria polícia a colaborar com as investigações. “Está entre ele e o advogado. Estão decidindo o que é melhor para a situação do Fábio”. O delegado explicou que a delação consiste em Fábio admitir que conhece o principal suspeito de ter acionado a bomba que feriu o cinegrafista e dar meios para a sua identificação.

Luciano informou que a delação premiada poderá contribuir, mais à frente, para que a prisão possa ser revogada, de acordo com critério da Justiça, podendo levar também a uma redução da pena. Ele explicou que a prisão decorreu da necessidade de uma custódia cautelar. “Se o juiz entender, mais à frente, que essa prisão não é necessária, ele pode revogar”. Hoje, por enquanto, ele permanecerá preso e deve ser encaminhado a uma unidade do sistema prisional do Estado. O mandado de prisão é temporário, pelo período de 30 dias, prorrogáveis por mais 30.

Logo após a detenção do jovem, o delegado fez uma busca na residência dele, no Méier, zona norte da cidade, onde apreendeu as roupas que Fábio usava na ocasião da manifestação popular – uma bermuda preta e uma camiseta cinza, além de vários celulares.

No local, um vizinho disse ter visto Fábio pichar no playground o nome do grupo black bloc, além de uma frase ofensiva à polícia. A polícia tirou fotos da pichação e deverá disponibilizá-las para a imprensa.

Caso fique comprovado que Fábio Raposo pertence a qualquer organização, como os black bloc, ele irá responder por mais um crime, além de tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão. “Se ele integrar essa organização e a gente verificar que ele já praticou outros atos de maneira estável e duradoura, associado a outras pessoas, ele poderá ser indiciado no crime de organização criminosa”, informou Luciano. O delegado acrescentou que isso aumentará a pena de Fábio Raposo. A pena para o crime de organização criminosa é até cinco ou seis anos.

A polícia vai investigar também a ameaça que Fábio diz ter sofrido para que assumisse sozinho o atentado contra o cinegrafista. Acrescentou que caso ele delate o principal suspeito do crime, a polícia necessitará de uma ordem judicial para prendê-lo. Mesmo que decida apontar o outro elemento, Fábio terá de aguardar uma possível revogação da custódia cautelar na prisão.

Indagado sobre uma eventual fuga do segundo suspeito, o delegado Maurício Luciano disse acreditar que ele não irá longe, devido à repercussão que o caso ganhou, porque será identificado.

Segundo Luciano, a mãe e o padrasto de Raposo estavam consternados e pareciam já esperar a prisão do filho. O padrasto procurou convencer o jovem a colaborar com as investigações. Fábio pareceu conformado, foi a sensação que o delegado teve. O universitário diz que a ocupação principal dele é como tatuador. A polícia pretende pedir a quebra do sigilo telefônico de Fábio e já está de posse do HD do seu computador. Um grupo técnico da polícia está examinando a possibilidade de resgatar informações que ele retirou do Facebook.