Polícia ouve técnica de enfermagem de setor da Santa Casa onde pacientes morreram após tratamento

Foi ouvida pela Polícia Civil na tarde desta terça-feira (21), a técnica de enfermagem Iracy Neves da Silva, que trabalhava no Centro de Oncologia e Hematologia de Mato Grosso do Sul, empresa responsável pelo serviço de oncologia para Santa Casa de Campo Grande e onde três pacientes morreram após o tratamento. De acordo com a […]

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Foi ouvida pela Polícia Civil na tarde desta terça-feira (21), a técnica de enfermagem Iracy Neves da Silva, que trabalhava no Centro de Oncologia e Hematologia de Mato Grosso do Sul, empresa responsável pelo serviço de oncologia para Santa Casa de Campo Grande e onde três pacientes morreram após o tratamento.

De acordo com a delegada Ana Claudia Medina, da 1ª Delegacia de Polícia Civil, responsável pelas investigações sobre as mortes, o depoimento da técnica de enfermagem “foi de suma importância”, mesmo que a técnica tenha afirmado não saber o que aconteceu e que não havia percebido nenhuma normalidade no setor.

Questionado após o depoimento da técnica de enfermagem, o advogado do Centro de Oncologia e Hematologia de Mato Grosso do Sul, Felipe Barbosa, preferiu mais uma vez não falar sobre o caso “não é a fase oportuna para dar declarações precipitadas”, disse. 

Conforme a delegada, a técnica de enfermagem relatou à polícia que tem experiência de 12 anos em enfermagem e havia trabalhado no setor de oncologia entre os anos de 2010 e 2013. Ela retornou ao setor no dia 1º de julho, na semana seguinte em que a polícia considera que houve algum problema que causou as mortes.

A enfermeira ainda disse se lembrar de apenas de duas pacientes que morreram Maria Glória Guimarães, de 61 anos e Norotilde Araújo Greco, de 72 anos. Ela confirmou que fez a infusão da medicação em Maria Glória.

Próximos passos

Conforme a delegada, as oitivas das pessoas que trabalhavam no setor estão finalizadas. Dois pacientes que passaram por tratamento no mesmo período que as vítimas ainda devem ser ouvidos. Após, o inquérito entra na fase de análise para conclusão.

No dia 8 de agosto, a polícia realizou a exumação dos corpos das pacientes e foi colhido material para exames que poderiam determinar vestígios dos remédios utilizados na quimioterapia. Devido a complexidade da análise, os exames ainda não foram feitos e a expectativa da autoridade policial, é de que os procedimentos sejam feitos em São Paulo.

Investigação

As investigações começaram após as mortes das pacientes da quimioterapia da Santa Casa Carmen Insfran Bernard, de 48 anos, no dia 10 de julho, Norotilde Araújo Greco, de 72 anos, no dia seguinte e Maria Glória Guimarães, 61 anos, no dia 12 de julho. Elas receberam a medicação entre os dias 23 e 28 de junho.

Além dos depoimentos de médicos e de farmacêuticos que trabalhavam no setor de quimioterapia, foi realizada a exumação dos corpos para análises periciais e também a reprodução simulada do processo realizado pelo farmacêutico responsável pela infusão do medicamento nas pacientes.

A delegada já ouviu os depoimentos dos médicos José Maria Ascenço e Henrique Guesser Ascenço, responsáveis pela clínica que realizava a manipulação da fórmula aplicada nos pacientes em tratamento da quimioterapia na Santa Casa. Também foram ouvidas uma farmacêutica e uma enfermeira, que por vezes, também realizava manipulação das fórmulas.

Posteriormente, prestou depoimento o farmacêutico Raphael Castro Fernandes, que a manipulação dos medicamentos aplicados nas pacientes e o também farmacêutico Marcelo Konorat, que trabalhou por 12 anos na empresa de quimioterapia que prestava serviço à Santa Casa.

No dia 25 de setembro, Margarida Isabel de Oliveira, de 71 anos, que passou pelo tratamento de quimioterapia e teve graves reações, prestou depoimento à polícia. O filho dela disse que a idosa tem se recuperado, apesar de não estar mais fazendo o tratamento. As três técnicas de enfermagem que trabalhavam no setor também foram ouvidas pela polícia. Elas também disseram não ter percebido nada de anormal no setor.

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