O Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, no Jardim Noroeste, tem “atraído” familiares dos presos para seus arredores. Para acompanhar o marido, muitas mulheres de presos estão se mudando para perto do presídio.

As mulheres costumam ficar sentadas na frente da Máxima, unidas por partilharem da mesma situação. A cena de uma delas indo buscar garrafa de café em casa e voltando em menos de três minutos explica a migração de mulheres de presos para perto do presídio. Após boatos de rebelião e em meio a tempos turbulentos, elas listaram suas dificuldades atuais.

R. mora no Jardim Noroeste há quatro anos, quando seu marido foi para a Máxima. Agora ela está se mudando para ficar mais perto do presídio. Ela diz ter achado o lugar ideal. “Perto do meu marido e perto de uma escola para levar meus filhos”.

R. morava no Guanandi quando seu marido foi preso. Ela tem nove filhos, uma delas também está na Máxima. R. reclamou do bloqueador de sinal, instalado para evitar que os presos usem celulares na Máxima.

“Está horrível, não pega. E se eu precisar ligar para um médico? Quem mora perto está sofrendo as consequências. Porque não retira o presídio da cidade então?”, indaga. Ela também reclama da “batalha” para entrar em dia de visita. “Somos humilhadas, este presídio está um caos”, declarou.

N. morava em Três Lagoas e mudou para ficar perto do marido. Ela criticou a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). “Não deixaram entram com comida, produtos de higiene, cigarro. É direito deles”, ressaltou. N. também reclamou do sinal dos celulares e disse ser constantemente humilhada por agentes durante a revista.

Vizinhos também citam dificuldade em conseguir sinal

Gisleine de Oliveira, 24, não tem familiar na Máxima mas mora na região. “É tranquilo. O único problema é o sinal. Já aconteceu de eu precisar de uma ambulância e não conseguir usar o telefone”, conta. Ela relatou que para ligar para a família tem que andar para achar uma rua em que o sinal pegue.

Beatriz Rodrigues, 15, é outra moradora da região que não tem familiar na Máxima. “Minha mãe mora aqui há vinte anos e nunca teve problema”, garante. Beatriz também está sofrendo com o bloqueio do sinal. “Está complicado, de usar a internet, para falar no celular é um sacrifício”, critica.

Respostas

A Agepen declarou que a revista corporal é um procedimento de segurança necessário para averiguação e “evitar a entrada de drogas ou celulares”. O órgão destacou que as visitantes devem procurar a Agepen para formalizar a denúncia de humilhação para que seja feita apuração.

Sobre a proibição de entrada de alimentos, produtos de higiene e cigarros, a Agepen afirma que foi uma medida necessária tomada pela administração em virtude das ações dos internos, que teriam parado de fazer a limpeza do presídio.

De acordo com a Agepen, o bloqueio do sinal se deve a testes que estão sendo feitos para evitar que presos utilizem celular e todas as medidas estão sendo tomadas para que os vizinhos do presídio não tenham os sinais prejudicados.