Mulheres de presos denunciam exploração de cantina que funciona dentro da Máxima

Elas são impedidas de levar comida aos maridos, que chegam a ter que pagar R$ 20 por um pacote de arroz.

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Elas são impedidas de levar comida aos maridos, que chegam a ter que pagar R$ 20 por um pacote de arroz.

Sob a ameaça de não poderem entrar com alimentos para visitar seus maridos, as mulheres dos presos da Penitenciária de Segurança Máxima, em Campo Grande, denunciaram neste sábado (15) que esta seria uma estratégia para beneficiar a cantina que funciona dentro do estabelecimento penal e que, segundo elas, cobra preços exorbitantes.

Uma esposa de detento, que não se identificou com medo de represálias que tanto ela quanto o marido poderiam sofrer, afirmou que as pressões são constantes e a cada dia as exigências para as visitas são maiores.

Com relação à proibição da entrada de alimentos, ela afirmou que foi avisada com antecedência e por isso mesmo não havia comprado nada para levar, mas aproveitou para fazer a denúncia.

“Lá dentro funciona uma cantina e são cobrados preços elevados. Para se ter uma ideia, um pacote de cinco quilos de arroz custa R$ 20, um sabonete é vendido por R$ 4, o litro de óleo não sai por menos que R$ 8 e o refrigerante de 2 litros é vendido por R$ 9. Isso é só para falar de alguns produtos, mas tudo que é vendido lá é muito mais caro que aqui fora e é claro que alguém está levando vantagem”, afirmou indignada.

Quanto às exigências, a mesma denunciante afirmou que os agentes interferem até mesmo na roupa que elas têm que usar em dias de visita. “Se eles souberem quem falou isso para vocês… Aí sim a situação se complica pois a retaliação é grande. Eles (presos) cometeram os crimes e já estão pagando, mas não é por isso que precisam ser tratados como animais”, afirmou.

Várias esposas de detentos que aguardavam o momento de serem chamadas para a visita, confirmaram as denúncias.

Pelo lado dos agentes penitenciários, a afirmação é que são adotados os procedimentos normais para dias de visitas.Nos últimos dias está havendo maior exigência, mas por conta de um motivo pontual.

“Os presos estão em greve há uma semana. Não saem para o pátio, não limpam as celas e a sujeira é muito grande. Se entrar mais alimentos a situação vai ficar mais complicada ainda. É questão de higiene. Hoje como é dia de visitas eles querem que tudo funcione normalmente, mas temos que tomar alguns cuidados”, afirmou um agente penitenciário que também pediu para não ser identificado.

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