Manifestantes e policiais entram em confronto na Ucrânia

Confrontos foram registrados neste domingo ao fim de um protesto em Kiev que reuniu cerca de 200 mil opositores pró-europeus e desafiou as autoridades, após a adoção de novas leis reforçando as punições contra os manifestantes. Quando a mobilização na Praça da Independência, também chamada de Maïdan, chegava ao fim, alguns manifestantes tentaram romper um […]

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Confrontos foram registrados neste domingo ao fim de um protesto em Kiev que reuniu cerca de 200 mil opositores pró-europeus e desafiou as autoridades, após a adoção de novas leis reforçando as punições contra os manifestantes.

Quando a mobilização na Praça da Independência, também chamada de Maïdan, chegava ao fim, alguns manifestantes tentaram romper um cordão de segurança para chegar ao Parlamento e chegaram a entrar em furgões da polícia que bloqueavam o acesso. Eles incendiaram um dos veículos. As forças de segurança responderam com golpes de cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral, além de jatos d’água.

Pelo menos duas pessoas ficaram feridas nos confrontos, segundo um correspondente da AFP. O boxeador e líder da oposição Vitali Klitschko tentava acalmar os ânimos, pedindo que a multidão não provocasse a polícia.

Antes, por volta de 200 mil pessoas participaram pacificamente das manifestanções na Praça da Independência, desafiando as autoridades depois da proibição de qualquer ato público no centro de Kiev até 8 de março e das novas leis promulgadas na sexta-feira pelo presidente Viktor Yanukovytch, que introduzem ou reforçam as sanções contra os manifestantes.

Dezenas de pessoas usavam capacetes ou máscaras carnavalescas, em sinal de desprezo a uma das novas leis, que pune as pessoas que protestarem mascaradas ou com capacetes. “Nós declaramos ilegal a nova legislação adotada”, declarou Klitschko, líder do Partido Udar (Golpe), em um palco instalado na praça.

Ele pediu que as forças de segurança se unam aos opositores. “Peço às forças de ordem: passem para o lado do povo!”, lançou. “O Parlamento perdeu sua legitimidade. Isso significa que devemos criar um conselho do povo entre os políticos opositores”, afirmou Arseni Yatseniuk, integrante do partido da opositora Yulia Timoshenko.

Mas alguns políticos foram vaiados pela multidão, acusados de não terem um plano de ação e um verdadeiro líder.

Depois de o movimento de contestação ter conseguido mobilizar centenas de milhares de pessoas em dezembro, ele perdeu força após a assinatura, no dia 17 de dezembro, em Moscou, de acordos econômicos que forneciam um crédito de US$ 15 bilhões à Ucrânia e reduziam o preço do gás russo em cerca de um terço.

“Precisamos passar a ações mais decisivas”, declarou à AFP o estudante Ruslan Kochevarov. “Esperamos que, depois das manifestações, as pessoas não parem, mesmo que muitos se perguntem por que se mobilizar no futuro depois de dois meses de protestos sem resultado”, acrescentou.

A adoção das novas leis repressivas pode dar mais vigor aos protestos. Os textos, votados em meio a cenas de caos no Parlamento, estabelecem penas de prisão de 15 dias – pela instalação de barracas em locais públicos – a cinco anos – para as pessoas que bloquearem prédios oficiais.

Uma lei pune com multas, confisco de carteiras de motorista e apreensão de carros qualquer manifestação envolvendo mais de cinco veículos. Um outro texto obriga as ONG beneficiadas com financiamentos ocidentais a se registrarem como “agentes do exterior”.

Este termo, usado para definir os opositores na época do líder soviético Josef Stalin, tem sido mencionado com frequência para denunciar os manifestantes na Rússia de Vladimir Putin, que adotou uma lei semelhante em 2012.

Os ocidentais alertaram as autoridades ucranianas para estes textos, e Timoshenko denunciou a instauração de uma “neo-ditadura”. O ministro das Relações Exteriores sueco, Carl Bildt, um ardoroso defensor da aproximação entre Ucrânia e UE, disse à rede de televisão ucraniana hromadske.tv que os europeus haviam discutido com os americanos sanções contra algumas pessoas do governo.

“Nós falamos sobre isso com os americanos. Isso tem a ver, antes de tudo, com a questão da violência. Nossa posição exata é de que a violência não deve ser empregada contra os participantes pacíficos de manifestações”, declarou, acrescentando que os contatos estavam sendo mantidos.

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