Os índios da etnia terena, que vieram de Sidrolândia (MS), município distante 70 quilômetros de Campo Grande (MS), não quiseram se reunir com representantes da Polícia Federal (PF), nesta sexta-feira (30). O superintendente da PF, Edgar Paulo Marco, conversou com os indígenas em frente da sede, mas, segundo os índios, não há novidade no discurso do superintendente.

“Ele não disse nada do que nós já não sabíamos. Queremos é justiça”, argumenta o índio Genivaldo Antônio Campos, um dos organizadores do protesto referente à morte de Oziel Gabriel, morto há um ano em conflito durante reintegração de posse na fazenda Buriti, em Sidrolândia.

O protesto, organizado pelo Movimento Terra Vermelha, começou na manhã desta sexta-feira (30), em Sidrolândia. Nesta tarde, os índios vieram para a Capital e se reuniram na Praça Ary Coelho. “Esse é um grito de repúdio a impunidade neste País”, afirmou o cacique Basílio, durante a manifestação.

Os indígenas pedem reabertura do inquérito que investiga o caso de Oziel. Mesmo depois de um ano, o autor do disparo que matou o índio ainda não foi apontado. “Queremos que o culpado seja identificado ou que a Polícia Federal responsabilize os autores da operação daquele dia”, ressalta Deonis Gabriel, irmão de Oziel.

Depois de se reunirem na Praça Ary Coelho, os manifestantes seguiram até a sede da Polícia Federal para conversar com o superintendente. Após princípio de confusão, por parte de agentes que tentaram impedir o acesso a via, os índios conseguiram conversar com o superintendente.

Edgar disse que o inquérito policial está sendo conduzido de forma isenta e que, após passar para o Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul (MPF/MS), o documento está, novamente, nas mãos da PF. “A Polícia Federal é parceira dos índios e lamentamos a morte de Oziel”.

Por sua vez, os índios não se contentaram com a fala do superintendente. “Continuamos sem respostas”, lamentou Genivaldo. Ele afirmou, ainda, que os indígenas vão continuar buscando respostas e justiça no caso de Oziel.

Ato contra a impunidade e pela demarcação

Além do pedido de justiça com relação à morte de Oziel, os índios solicitam celeridade na demarcação de terras indígenas em Mato Grosso do Sul, que tem a segunda maior população de índios do Brasil, com 70 mil pessoas.

Na Praça Ary Coelho, lideranças indígenas das aldeias pertencentes à Terra Indígena de Buriti, em Sidrolândia, discursaram para cerca de 150 pessoas. As falas giraram em torno da revolta e clamor por justiça pela morte de Oziel. “As autoridades continuam omissas para resolver nosso problema. Oziel não morreu por acaso, alguém tem que ser responsabilizado”, enfatiza Vinicius Jorge, terena morador da aldeia Córrego do Meio.

Em frente da sede da PF, além de conversar com o superintendente, os índios fizeram uma oração na língua terena em homenagem à Oziel Gabriel. Entre os presentes, familiares e amigos do índio.