Dançarino teve desavença com policiais de UPP, diz advogado

O dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, encontrado morto em uma creche no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na terça-feira, já havia se desentendido com policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade, segundo o advogado da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil que acompanha a família dele, Rodrigo Mondego. Douglas […]

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O dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, encontrado morto em uma creche no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na terça-feira, já havia se desentendido com policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade, segundo o advogado da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil que acompanha a família dele, Rodrigo Mondego. Douglas foi encontrado morto na tarde de terça-feira e a morte dele motivou um protesto com objetos incendiados, um morto e ruas interditadas.

De acordo com o advogado, em 2011, Douglas discutiu com policiais da UPP. “A família disse que ele reclamava que os policiais paravam muito ele quando ele estava de moto. Nesta mesma semana, alguém jogou areia no motor da moto e a moto desapareceu na comunidade. Tinha uma desavença. A mãe dele disse que ele não baixava a cabeça para os policiais. Mas ele deixou a história da moto pra lá, porque a mulher e a filha dele moram na comunidade”, disse o advogado.

A mãe do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, Maria de Fátima da Silva, deve prestar depoimento na 13ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro (Ipanema) na manhã desta quarta-feira, segundo o advogado da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil que acompanha a família.

Segundo o advogado Rodrigo Mondego, a família de Douglas quer esclarecer vários indícios sobre o corpo do dançarino. A declaração de óbito de Douglas aponta como causa da morte “hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax ação perfuro-contundente”. “Muito provavelmente isso é tiro. É um objeto que perfurou o tórax”, disse o advogado. A polícia, no entanto, disse que não há marcas de tiros no corpo de Douglas, que foi achado em uma parte estreita de uma creche da favela por um morador que chamou a polícia.

O advogado disse que a família estranhou o fato de o corpo ter sido achado molhado, apesar de não ter chovido na região e da área não ter saída de água. “Além disso, foram encontradas luvas cirúrgicas perto do corpo e manchas de sangue na parede. O rosto dele estava muito machucado, como se tivesse apanhado muito”, disse o advogado.

De acordo com Mondego, cerca de R$ 800 que estavam com o dançarino teriam desaparecido. Os documentos dele apareceram na delegacia molhados.

Douglas foi visto vivo à 1h de terça-feira e o corpo foi encontrado horas depois, às 14h. Ele morava com a mãe em Copacabana e deixou uma filha de 4 anos. O enterro do dançarino será às 15h de quinta-feira no Cemitério São João Batista, em Botafogo, segundo amigos da família dele.

Policiais da UPP que participaram de um tiroteio na noite de segunda-feira na favela e encontraram o corpo já foram ouvidos na delegacia. Na terça-feira, a Polícia Civil informou que laudo preliminar do corpo de Douglas tinha lacerações compatíveis com queda.

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