Jonas Tadeu Nunes, advogado de Fábio Raposo, manifestante preso por suspeita de participação no episódio em que um rojão feriu o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, na quinta-feira (6), tenta convencer seu cliente a aceitar a delação premiada para ter a custódia revogada.

Para isso, Raposo teria de contar quem é o homem para o qual ele entregou o artefato instantes antes de o rojão ser aceso. No primeiro depoimento, dado na madrugada de sábado (8), o jovem disse não conhecer o rapaz visto ao seu lado em vídeos e fotos. A polícia, porém, desconfia da versão, pois, pelo material analisado, é possível notar relação de intimidade entre os dois.

Embora não confirme que Raposo conheça o outro homem, o advogado admitiu que tenta a delação premiada.

“Não posso afirmar que ele conhecia, mas estamos tentando convencê-lo a aceitar o acordo de delação premiada. Estamos conversando para revogar a custódia.”

Fábio Raposo foi preso na manhã deste domingo (9), no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro. Os policiais da Delegacia de São Cristóvão (17ª DP), deram cumprimento a mandado de prisão temporária, expedido pela Justiça.

Segundo informação da assessoria de imprensa da Polícia Civil, Raposo foi localizado na casa dos pais. Ele foi indiciado por tentativa de homicídio e pelo crime de explosão. O suspeito tem histórico de registro em atos violentos em manifestações nas 5ª e 14ª delegacias de polícia do Rio de Janeiro por danos ao patrimônio público, ameaça e formação de quadrilha.

A polícia tentará resgatar a página de Raposo nas redes sociais e averiguar seus contatos na intenção de identificar o atirador do rojão.

Santiago Andrade continua internado em estado grave. Ele está sedado no Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio. A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) se manifestou sobre o assunto e disse que “repudia ataques como esses a jornalistas. Em 2013, 114 profissionais foram feridos em todo o país durante a cobertura de protestos. É preocupante que 2014 comece com três casos de violência contra jornalistas. Se faz necessária uma apuração célere do ocorrido para que procedimentos sejam revistos e para que o Estado proteja a liberdade de expressão, a liberdade de informação e o jornalista”.