Polícia Federal vai exumar corpo de bebê que morreu no HU

A Polícia Federal (PF) vai exumar o corpo do bebê que morreu minutos depois de nascer na maternidade pública no Hospital Universitário (HU) em Dourados em abril deste ano. A decisão atende a uma determinação do Ministério Público Federal, que investiga as causas da morte. A PF está solicitando análise do Instituto Nacional de Criminalística […]

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A Polícia Federal (PF) vai exumar o corpo do bebê que morreu minutos depois de nascer na maternidade pública no Hospital Universitário (HU) em Dourados em abril deste ano.

A decisão atende a uma determinação do Ministério Público Federal, que investiga as causas da morte. A PF está solicitando análise do Instituto Nacional de Criminalística em Brasília sobre a possibilidade ou não da exumação, tendo em vista que a morte do bebê é recente e se este procedimento trará as respostas sobre os questionamentos.

O MPF determinou ainda à Secretaria Estadual de Saúde realização de auditoria no Setor de Maternidade e Obstetrícia do hospital. Ao todo a procuradoria instaurou dois inquéritos civis. Um para investigar a morte do bebê e outro devido a sequelas cardíacas em outro recém nascido, provocadas por suposta demora na realização de partos no Hospital Universitário.

Para o MPF, há indícios da prática do crime de homicídio, no primeiro caso. A exumação e a necropsia visam a identificação da causa da morte do bebê, e se ela tem relação com o fato do cordão umbilical encontrar-se enrolado em seu pescoço, impedindo a realização de parto normal. O perito deve esclarecer a causa da morte de forma conclusiva, caso entenda que ela não decorre de eventual erro médico.

Auditoria

A fiscalização deverá ser realizada pela Coordenadoria Estadual de Controle, Avaliação e Auditoria no Setor de Maternidade e Obstetrícia. Ela deve verificar número de servidores, cumprimento da carga horária e escala de plantões; existência de estrutura física, mobiliário hospitalar (macas, berços, mesas e instrumentos cirúrgicos), medicamentos, luvas, aventais, material de cama, material de consumo básico do hospital e gerador em funcionamento.

Também devem ser verificada a existência e o funcionamento de leitos de UTI neonatal, cumprimento dos protocolos da vigilância sanitária, cumprimento dos protocolos médicos de atendimento das especialidades, preenchimento dos prontuários médicos e relatórios de enfermagem e a condição sanitária regular do estabelecimento.

O caso

A morte ocorreu no ultimo dia 17 de abril. O bebê é filho de Valdecir Ferreira Sobrinho e Gislaine Ardigo. Eles suspeitam de negligência por parte do hospital. A esposa, gestante de 41 semanas, não teria condições de passar por um parto normal, mas, segundo o pai, os médicos ignoraram os apelos.

Conforme ainda o pai, durante o parto a equipe médica notou que o cordão umbilical estava enrolado no pescoço do bebê, quando parte do corpo da criança já estava para fora. Diante disso, segundo a denúncia do pai, a equipe teria empurrado o bebê para dentro da barriga da mãe e realizado uma cesariana. A criança morreu e a mãe ficou com vários hematomas no abdome.

De acordo com o presidente da Associação de Vítimas de Erros Médicos de Mato Grosso do Sul (Avem-MS), Valdemar Moraes de Souza, a assessoria jurídica da entidade recomendou a exumação como uma maneira de comprovar possível erro médico. “Há suspeitas de que ao empurrar a criança para dentro do ventre da mãe o pescoço da criança tenha sido quebrado, o que teria causado a morte ainda na tentativa de se realizar o parto normal; pouco antes de realizarem a cesária para retirar de fato a criança. Isto poderá ser comprovado em autópsia”, explicou, observando que o motivo da morte apontada em atestado de óbito foi a falta de oxigênio.

O pai da criança, diz que acredita que a exumação trará as respostas as perguntas que a família faz. “Eu sei que isto não trará meu filho de volta, mas pelo menos vão cessar as dúvidas que estão na nossas cabeças. O sofrimento é muito grande. Ainda estamos muito abalados com tudo o que aconteceu”, desabafa. O pai diz que procurou o MPF como maneira de chamar a atenção do poder público em relação as mortes que estão ocorrendo na maternidade e evitar perdas de novas vidas. Completamente abalado, ele diz que muita gente ainda tem medo de denunciar e que em nome dessas pessoas está procurando justiça.

Outro lado

Sobre o caso, a assessoria de comunicação do HU remeteu nota recentemente. “Com relação ao caso da paciente Gislaine Nunes Ardigo, a direção-geral do HU/UFGD informa que todo óbito neonatal é investigado por um comissão interna de ética médica, que já está avaliando este óbito.

A direção clínica informa ainda que já iniciou uma investigação mais aprofundada do caso, com avaliação dos prontuários médicos e obtendo informações junto à equipe. A estimativa é que um laudo oficial sobre o caso seja emitido no prazo entre 15 e 30 dias. A diretoria informa que, assim que a investigação estiver concluída, tomará todas as medidas cabíveis”.

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