Durante protesto, amigos dizem que policial mirou para acertar jovem com tiro na testa

Pelo menos uma das testemunhas que presenciou o assassinato de Ike Cézar Gonçalves garante que o autor do disparo, um policial militar, teria mirado antes de acertar a testa do jovem com um tiro. A informação foi confirmada neste domingo (4) durante a passeata que reuniu mais de cem familiares e amigos da vítima no centro […]

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Pelo menos uma das testemunhas que presenciou o assassinato de Ike Cézar Gonçalves garante que o autor do disparo, um policial militar, teria mirado antes de acertar a testa do jovem com um tiro. A informação foi confirmada neste domingo (4) durante a passeata que reuniu mais de cem familiares e amigos da vítima no centro de Campo Grande.

O manifesto exigiu punição exemplar e o fim da violência. Ike morreu com o tiro na testa, disparado pelo policial militar José Bonifácio dos Santos Junior, durante uma briga em frente ao Bar Santa Fé, na madrugada do último dia 28.

À polícia, o soldado da PM, que atua no Cigcoe, alegou que realizou disparos para o alto na tentativa de conter uma briga em frente ao bar, e negou que tenha atirado para matar.

Uma passeata pacífica começou na frente da Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, onde aconteceu a missa de sétimo dia em memória de Ike. A mãe do jovem assassinado pelo soldado do Cigcoe fez uma homenagem a ele, que completaria 30 anos de idade hoje.

Imagem muito forte

Entre as centenas de pessoas que acompanham o protesto, duas testemunhas do crime reforçaram a tese de que o disparo de arma de fogo que matou Ike teria sido intencional. Max Bruno Souza Leite, de 19 anos, estava com Ike quando ele foi morto, e conta que viu o policial mirar e atirar na cabela do amigo.

Bruno, que também foi atingido por um tiro de raspão disparado pelo soldado José Bonifácio, garante que já prestou depoimento confirmando a versão e diz que espera punição exemplar para o policial. “O Ike só pedia para ele parar com a briga. Quando o policial começou a atirar, eu rastejei para me proteger e vi quando ele mirou e disparou acertando a testa do meu amigo”, contou.

Alisson Sampaio, de 21 anos, também estava com Ike no Bar Santa Fé e testemunhou o assassinato do amigo. “A imagem do meu amigo todo ensanguentado é muito forte e não sai da minha cabeça”, revela.

Segundo o jovem, amigos do policial estariam envolvidos em uma briga na frente do bar quando ele chegou e, ainda de dentro do veículo, teria abaixado o vidro e realizado disparos. “Ele já chegou mostrando a arma e crescendo pra cima de todos. Foi muito frio, disparou na direção de todo mundo e atirou contra o Ike com muita frieza. Foi a pior coisa que eu vi na minha vida”, relata.

“Ele atirou já de dentro do carro, deu dois tiros para cima. Depois, mirou na direção das pessoas e continuou atirando. Eu ouvi pelo menos cinco tiros”, diz.

Segundo a irmã do jovem assassinado, Anne Caroline Golçalves, de 25 anos, o objetivo da manifestação pacífica é pedir menos violência e cobrar das autoridades punição para os culpados. Ela ainda reclamou que teria solicitado por email escolta policial para o protesto, e afirmou que somente após o início uma viatura apareceu para acompanhar os familiares e amigos de Ike.

Tanto o jovem assassinado pelo policial, como os dois amigos que estavam com ele no dia do crime, trabalham no Camelódromo, Centro de Comércio Popular de Campo Grande.

Logo após o crime, o Comando-Geral da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul divulgou nota oficial condenando a conduto do soldado, que atua no Cigcoe. “O comandante geral da PM, coronel Carlos Alberto David dos Santos, lamenta o fato e se solidariza com a família da vítima, ao mesmo tempo, que condena a conduta do PM, visto que ela não reflete o padrão de conduta dos demais policiais militares“, diz a nota.

O policial ficará preso no Presídio Militar Estadual até a conclusão das investigações e, segundo o Comando-Geral, caso seja confirmada a participação do soldado no crime, ele será submetido ao Conselho de Disciplina e pode ser expulso da PMMS.

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