Associações se reúnem com polícia para falar sobre crimes homofóbicos em Corumbá
As presidentes da LGBTTT (Associação Corumbaense e Ladarense de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), Tatiane Amorim, e da ACOGLET (Associação Corumbaense de Gays, Lésbicas e Travestis), Viktoria Lorrayna, estiveram reunidas com o delegado do 1° Distrito Policial de Corumbá, Gustavo de Oliveira Bueno Vieira, na tarde desta terça-feira, 06 de novembr…
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As presidentes da LGBTTT (Associação Corumbaense e Ladarense de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), Tatiane Amorim, e da ACOGLET (Associação Corumbaense de Gays, Lésbicas e Travestis), Viktoria Lorrayna, estiveram reunidas com o delegado do 1° Distrito Policial de Corumbá, Gustavo de Oliveira Bueno Vieira, na tarde desta terça-feira, 06 de novembro, para tratar do caso que investiga a tentativa de homicídio sofrida pelo travesti Ronaldo Ibarra Velasquez, de 30 anos, conhecido como “Sissa”.
Ronaldo foi encontrado desacordado e com sérias lesões no rosto na manhã de domingo, 04 de novembro, pelo Grupamento de Trânsito da Guarda Municipal de Corumbá (GTran), no cruzamento da avenida General Dutra e a rua Oriental, no bairro Centro América.
A travesti está internada no Centro de Tratamento Intensivo da Santa Casa de Corumbá e por isso não pode ser ouvida pela Polícia Civil que investiga o crime. De acordo com o delegado Gustavo Vieira, duas pessoas já prestaram depoimento. O inquérito policial tem prazo de 30 dias para ser concluído.
“Nossa intenção é primeiro classificar se os fatos estão relacionados à violência de gênero, à homofobia ou se foram fatos relacionados somente à vítima. A equipe de investigação já iniciou o trabalho, tivemos evoluções”, disse ao destacar que imagens de câmeras instaladas nos arredores devem ser usadas para auxiliar na investigação que, conforme ele, avança positivamente para apontar a autoria.
A autoridade policial lembrou que “a questão homofóbica é inaceitável” e orienta a população. “A gente orienta é que as pessoas não deixem de acionar as forças policiais independente das circunstâncias que ocorreu o fato porque aí sim é a forma oficial de nós estarmos cientes da situação e iniciarmos um trabalho de investigação para responsabilizar os autores”, explicou ao ressaltar o importante papel das associações. “É um mecanismo importante, de elo conosco para aí sim definirmos estratégias de trabalho”, comentou.
Registrada em ata, a reunião ainda contou com a participação da mãe de “Sissa”, Paulina Ibarra Velasques, que declarou o desejo de ver os criminosos de seu filho atrás das grades.
Para Viktoria Lorrayna os crimes homofóbicos vêm crescendo na cidade, porém não ganham as estatísticas policiais devido ao medo da discriminação que a vítima tem em assumir a sua homossexualidade. Segundo dados da Associação, em quatro anos, foram registrados 35 crimes contra o público gay.
“O gay é mais aceito porque se veste de homem, se ele passa por essa tentativa de homicídio, ele não vai falar porque como ele vai falar para o delegado que passou por isso se ele não é assumido para a sociedade?”, analisou ao apontar a necessidade de uma mudança de postura da sociedade e citou as várias tentativas frustradas da Acoglet com relação a trabalhos de conscientização.
“Tivemos uma represália muito grande quando tentamos incluir dentro da rede de ensino a cartilha da homofobia. Muitos pais diziam que íamos ensinar o filho dele a ser homossexual, a ser gay”, disse ao afirmar que o alvo de homofobia é estendido às pessoas próximas do gay. “Você sabe que a vítima da homofobia não é somente o gay, a travesti, mas um amigo deles, pois o homofóbico diz que quem os apoia também merece ser alvo de crime”, contou.
Presidente da LGBTTT, Tatiane Amorim, trouxe à tona diversos problemas para os quais precisa do apoio de demais instituições como a prostituição de menores gays.
“Por que o delegado não pode responsabilizar o pai e a mãe desse menor que está se prostituindo? Mesmo ele tendo jogado esse filho na rua, pode ser responsabilizado sim. Temos que defender quem é certo, não temos que passar a mão na cabeça de travesti que está aprontando”, disse ao afirmar que irá convidar demais entidades para uma reunião mais extensa até o final do ano para discutir mais a fundo essa temática com foco em ações.
“Vamos convidar todas as autoridades para uma nova reunião, apelar para elas na luta contra o que está errado”, afirmou.
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