O advogado de Rosemary Noronha, Celso Vilardi, disse que ficou surpreso com o novo indiciamento de sua cliente pela suspeita de formação de quadrilha. Ele afirmou que, “curiosamente”, a acusação só foi feita após ele fazer uma petição reclamando dos vazamentos de supostas conversas privadas da investigada.

Ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rose é um dos alvos da Operação Porto Seguro e já era investigada por suspeita de tráfico de influência, corrupção ativa e falsidade ideológica. “Fiquei surpreso porque todos os elementos do inquérito já eram conhecidos. Curiosamente esse novo indiciamento só foi feito após fazermos a petição reclamando dos vazamentos”, disse Vilardi.

O defensor negou, no entanto, que estivesse insinuando que a nova acusação fosse uma retaliação. “Não acredito em retaliação. Só acho curioso.” Vilardi disse ainda que, “no momento certo”, fará a “comprovação da inocência de Rose em todas as acusações”. Ele afirmou ainda que não vê “sentido” nas tentativas da oposição de levar Rose para prestar depoimento no Congresso. “O foro adequado é o jurídico”, encerrou.

Operação Porto Seguro

Deflagrada no dia 23 de novembro pela Polícia Federal (PF), a operação Porto Seguro realizou buscas em órgãos federais no Estado de São Paulo e em Brasília para desarticular uma organização criminosa que agia para conseguir pareceres técnicos fraudulentos com o objetivo de beneficiar interesses privados. A suspeita é de que o grupo, composto por servidores públicos e agentes privados, cooptava servidores de órgãos públicos também para acelerar a tramitação de procedimentos.

Na ação, foram presos os irmãos e diretores Paulo Rodrigues Vieira, da Agência Nacional de Águas (ANA), e Rubens Carlos Vieira, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Além das empresas estatais em Brasília, como a Anac, a ANA e os Correios, foram realizadas buscas no escritório regional da Presidência em São Paulo, cuja então chefe, Rosemary Nóvoa de Noronha, também foi indiciada por fazer parte do grupo criminoso. O advogado-geral adjunto da União, José Weber de Holanda Alves, também foi indiciado durante a ação.

Exonerada logo após as buscas, Rosemary ela teria recebido diversos artigos como propina. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, em troca do tráfico de influência que fazia, ela chegou a ganhar um cruzeiro com a dupla sertaneja Bruno e Marrone, cirurgia plástica e um camarote no Carnaval do .

O inquérito que culminou na ação foi iniciado em março de 2011, quando, arrependido, Cyonil da Cunha Borges de Faria Jr., auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), procurou a PF dizendo ter aceitado R$ 300 mil para fazer um relatório favorável à Tecondi, empresa de contêineres que opera em Santos (SP). O dinheiro teria sido oferecido por Paulo Rodrigues Vieira entre 2009 e 2010. Vieira é apontado pela PF como o principal articulador do esquema. Na época, ele era ouvidor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e conselheiro fiscal da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

Em decorrência da operação, foram afastados de seus cargos o inventariante da extinta Rede Ferroviária Federal S.A., José Francisco da Silva Cruz, o ouvidor da Antaq, Jailson Santos Soares, e o chefe de gabinete da autarquia, Enio Soares Dias. Também foi exonerada de seu cargo Mirelle Nóvoa de Noronha, assessora técnica da Diretoria de Infraestrutura Aeroportuária da Anac. O desligamento ocorreu a pedido da própria Mirelle, que é filha de Rosemary.