Advogado de Demóstenes pede ao Supremo anulação das escutas da Polícia Federal

O advogado do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), Antonio Carlos Almeida, conhecido como Kakay, pediu hoje (10) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação das conversas entre o parlamentar e o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O advogado alega que o Ministério Público Federal e a Justiça Federal deveriam ter pedido autorização ao […]

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O advogado do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), Antonio Carlos Almeida, conhecido como Kakay, pediu hoje (10) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação das conversas entre o parlamentar e o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

O advogado alega que o Ministério Público Federal e a Justiça Federal deveriam ter pedido autorização ao STF para fazer as gravações telefônicas da Operação Monte Carlo, porque Demóstenes Torres, na condição de parlamentar, tem foro privilegiado. O senador é acusado de tráfico de influência em favor do empresário.

A defesa quer que as escutas usadas como provas contra o parlamentar sejam anuladas, que o inquérito aberto para investigar o senador seja suspenso e o processo, que tramita na Suprema Corte, seja arquivado. Além disso, Kakay vai pedir ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, uma investigação sobre o caso. “Vou entrar com um pedido de investigação para Gurgel pelo fato de todos esses vazamentos terem se dado de forma sistemática. Eu defendo que os vazamentos foram uma forma de intimidar o senador”.

Na semana passada, o Supremo autorizou a abertura de inquérito para investigar a participação de Demóstenes no esquema. O relator do processo, ministro Ricardo Lewandowski, determinou a quebra de sigilo bancário do senador e pediu levantamento das emendas parlamentares do político.

A relação entre Demóstenes e Carlinhos Cachoeira começou a ser divulgada pela imprensa depois da deflagração da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF), que resultou na prisão de Cachoeira e 34 pessoas no final de fevereiro. Inicialmente, Demóstenes foi acusado de receber, em seu casamento, presentes caros de Cachoeira. O senador negou conhecer as atividades ilegais do empresário.

O vazamento para a imprensa de interceptações telefônicas colhidas pela PF mostrou, no entanto, que além de conhecer a atuação de Cachoeira, Demóstenes também participava do esquema, interferindo a favor do empresário em assuntos políticos e obtendo em troca o repasse de dinheiro da exploração do jogo ilegal em Goiás.

Ontem, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que as escutas telefônicas colhidas pela PF para a Operação Monte Carlo são legais, porque a PF seguiu a ordem da Justiça para gravar as conversas. De acordo com o ministro, o foro privilegiado deve ser entendido como uma garantia e não serve para fazer com que pessoas que cometam atos ilícitos sejam acobertadas. “A Polícia Federal fez o seu papel, agora cabe ao Judiciário decidir”.

Kakay alega que a PF teve a intenção de investigar o parlamentar. “Eles [a PF] pedem no inquérito todos os financiadores de campanha do senador. Se ele não estava sendo investigado, por que levaram para lá os financiadores do senador? É espantoso, é escandaloso”.

Hoje o Conselho de Ética do Senado julgou procedente a abertura das investigações sobre o envolvimento de Demóstenes com o esquema de jogos ilícitos comandado por Carlinhos Cachoeira. Para Kakay, uma representação baseada apenas em elementos de imprensa não é suficiente para abrir um processo. “A decisão dentro do Congresso Federal é política, por isso, prefiro não me manifestar”.

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