O caso tem movimentado as redes sociais e as rodas de conversa na cidade de Dourados, a 220 km de Campo Grande: A acadêmica Karla Vicente de Paula, de 20 anos, foi encontrada por uma amiga, desacordada e ensanguentada em um banheiro do salão de festas da UNIGRAN após festa de formatura de Odontologia, na manhã deste domingo 27 de novembro. A partir daí uma trama envolvendo um possível ‘ficante’, um gole de uísque e uma agressão das mais covardes, se desenrola.

Eram por volta das 6h da manhã quando Karla, residente na cidade de Itaporã, foi encontrada no banheiro do salão de festas. Com um olho roxo, o queixo fraturado, politraumatismo na face e sem três dentes a acadêmica de arquitetura da UNIGRAN foi atendida pelo SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), enquanto uma amiga registrava boletim de ocorrência.

A jovem passou por uma cirurgia buco-maxilofacial nesta quinta-feira (01) pela manhã. O médico descartou a possibilidade de queda, e o boletim de ocorrência do dia 27 aponta que a moça teria sido provavelmente espancada por uma pessoa do sexo masculino.

Essa informação foi confirmada pela acadêmica, quando a foto de um suspeito foi mostrado em um notebook pela polícia. A foto era de Murilo Luan dos Santos, de 20 anos, acadêmico de Publicidade, também da UNIGRAN, residente na cidade de Ivinhema. A imagem do rapaz estava em um perfil da rede social Facebook, perfil esse que foi retirado do ar, provavelmente, pelo próprio rapaz.

Mesmo antes de a polícia ter o rapaz apontado por Karla como possível autor das agressões, nas redes sociais o burburinho era grande. As ‘investigações’ dos internautas já teriam dado conta de que Murilo seria o agressor. Outro burbirinho foi causado pela imprensa a cada novo depoimento – cerca de 10 testemunhas, sendo que nenhuma delas viu a agressão. Sites de notícia de Dourados e Região lançavam novas matérias, com informações mais e mais desencontradas que as outras, assim como os depoimentos das testemunhas e os comentários nas redes.

À parte, os comentários nas matérias e redes sociais cresciam sempre em um tom ‘ameaçador’ contra Murilo. A maioria prometia de espancamento a linchamento público do rapaz, entre outras demonstrações do melhor estilo ‘justiça com as próprias mãos’.

Nesta manhã o rapaz se apresentou de espontânea vontade à delegada da mulher, Francieli Candotti, acompanhado de seus dois advogados. Enquanto prestava depoimento, policiais civis do SIG – Serviço de Investigações Gerais – prenderam o rapaz que já tinha prisão temporária decretada tanto pela delegada Candotti, quanto pelo delegado Luiz Augusto Milan. Ele ficará preso por 30 dias à disposição da justiça.

Digno de Alfred Hitchcock

Agora as mais diversas versões devem ser confrontadas. Alguns afirmam que o rapaz teria tentado ‘ficar’ com a jovem e insistido durante toda a noite. Outras informações dão conta de que ela é quem teria ficado ‘atrás’ do rapaz. Outros ainda afirmam que Murilo e Karla tiveram um ‘affair’ quando a jovem, que agora cursa Arquitetura, cursava Publicidade, mesmo curso de Murilo, na mesma universidade.

Murilo afirma que eles teriam ‘ficado’ no baile de formatura, no mezanino do local, que estava escondido atrás das cortinas. Que os dois tinham bebido e que teriam tentado fazer sexo, mas embriagados não conseguiram. Segundo ele, Karla teria caído da escada, mas não afirma por que não prestou socorro à ‘ficante’.

Já Karla e algumas das testemunhas ouvidas, afirmam que a moça não teria ingerido bebida alcoólica durante toda a noite, mas mesmo sem beber, aceitou um gole de uísque de Murilo.

Karla não lembra o que aconteceu antes de acordar ensanguentada no banheiro, o que leva a suspeita de que Murilo teria utilizado o método do ‘Boa noite Cinderela’ na moça. Porém nem uma testemunha, nem mesmo Karla, afirmam que o rapaz teria abusado sexualmente dela.

Apenas no final da tarde desta quinta-feira, a advogada de Karla, Virginia Magrini, afirmou que a jovem pode ter sido estuprada. Um exame de corpo de delito confirmou presença de espermatozoides na moça, o que também pode confirmar a história do rapaz, da tentativa de sexo, frustrado pela bebida.

Uma mancha de sangue foi encontrada pelos responsáveis pela limpeza em um ponto do salão que fica a mais de trinta metros do local onde Karla foi encontrada. Mesmo assim nenhuma testemunha, até agora, afirma ter visto a moça indo até o banheiro ou mesmo sendo arrastada para lá.

Até agora nenhuma testemunha de defesa foi ouvida.

O desenrolar dessa história de suspense pode revelar ainda outros detalhes. Enquanto alguns clamam pelo ‘sangue’ de Murilo e outros aguardam pela recuperação de Karla, todos esperam que justiça seja feita.