Equipes da Polícia Civil reuniram apontadores e cambistas flagrados em vários pontos da cidade e levaram todos para as delegacias. No total, 29 pessoas já foram detidas, dinheiro foi apreendido e talões do jogo do bicho recolhidos.

Não houve uma operação. Nem uma investigação prévia. Do nada, no começo da tarde desta quarta-feira (16) equipes de policiais civis de Campo Grande começaram a chegar no Cepol (Centro Especializado de Polícia) com pessoas detidas em flagrante trabalhando em pontos do jogo do bicho espalhados pela Capital de Mato Grosso do Sul.

Em poucos minutos, a Deops (Delegacia Especializada de Ordem Política e Social) ficou lotada por senhores, jovens e mulheres que eram conduzidos com talonários de apostas nas mãos. No total, até o final da tarde, 29 pessoas já haviam sido autuadas pela contravenção do jogo de azar. Em todo o ano passado, foram apenas dois casos.

Segundo o delegado titular da Deops, Antônio Silvano Mota, foram apreendidos materiais utilizados nas apostas, como os talonários, e tabelas do jogo do bicho. As pessoas detidas foram ouvidas e assinaram um TCO (Termo Consubstanciado de Ocorrência) para depois serem liberadas. Como não houve prisões, não foi necessário pagar fiança.

Todos foram enquadrados no artigo 58 da Lei 3.688, de 1941, que determina como contravenção explorar o jogo de azar conhecido como “jogo do bicho”, com a possibilidade de prisão simples de três meses a um ano e multa. A pena é aumentada em um terço se menores de idade estiverem envolvidos.

Quem chegava conduzido pelos policiais não entendia direito o que estava acontecendo. Alguns idosos passaram mal na sala de espera da Delegacia, esposas de alguns brigavam com os maridos alegando que o jogo do bicho “não dá dinheiro nenhum e ainda causa essas vergonhas”.

Um dos senhores, ouvido por uma equipe de tevê, chegou a citar o nome de um deputado estadual como ‘chefe’, dizendo que não sabia porque estava sendo preso, já que trabalha como anotador de apostas há mais de dez anos. Ele logo foi advertido por outro senhor presente e se calou.

Em entrevista coletiva, o delegado disse que, como não se trata de uma operação, não havia informações prévias. Mesmo assim, com quase trinta detidos, ele garantiu que tocará as investigações. “Não sabemos quem é o dono do jogo do bicho, mas vamos seguir nossos procedimentos padrão com os dados que conseguirmos coletar”, afirmou.

Sobre o rumor de que a operação teria sido orquestrada por um sindicato ligado à categoria dos policiais civis, o delegado disse que não tinha conhecimento. “O que sei é que estão chegando detidos por envolvimento com o jogo do bicho e estamos fazendo nosso papel dentro da legalidade”, resumiu.

Questionado sobre o que poderia ter levado os policiais a promover as detenções em uma ação simultânea, já que as bancas do jogo do bicho normalmente funcionam à luz do dia sem nenhum tipo de represália por parte da polícia, o delegado se limitou a informar que “estão cumprindo o papel deles, com tudo feito na forma da lei”. (Matéria atualizada às 18h57 para acréscimos de informações)