Polícia Civil diz que PM acusado de matar a ex-mulher mentiu em depoimento

A versão do soldado da Polícia Militar Paulo César Lucas Batista, 42, preso ontem, domingo, por ter matado a ex-mulher, é controversa, disseram os delegados da Polícia Civil e um perito criminal que agiram na investigação do caso, em coletiva de imprensa, na tarde desta segunda-feira, em Campo Grande. Já detido, Batista disse ter disparado […]

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A versão do soldado da Polícia Militar Paulo César Lucas Batista, 42, preso ontem, domingo, por ter matado a ex-mulher, é controversa, disseram os delegados da Polícia Civil e um perito criminal que agiram na investigação do caso, em coletiva de imprensa, na tarde desta segunda-feira, em Campo Grande.

Já detido, Batista disse ter disparado um tiro “por engano” na ex, a agente de saúde comunitária Luciana Chaves Farias, 34. O casal viveu junto por 16 anos e tem três filhas, de 15, 13 e 11 anos de idade. Luciana havia se separado do marido há duas semanas e os dois moravam perto um do outro.

Ele afirmou em seu primeiro depoimento que o local onde mora teria sido arrombado, daí atirou contra o suposto invasor, no caso, a agente de saúde. Após o disparo, ele teria notado que era a mulher e acionou o Corpo de Bombeiros.

Em sua versão, o PM afirma que Luciana arrombou a porta do quarto, e por causa do susto e da escuridão ele disparou contra a ex-mulher. Ele teria atirado de baixo para cima. Já a perícia revela que o tiro foi disparado de cima para baixo. Para a polícia, o crime teria motivação passional. A ex-mulher dele já havia registrado boletim de ocorrência por ameaça do ex-marido.

A vítima foi alvejada com dois disparos no abdômen do lado esquerdo que a atingiu na veia femoral e no útero. Ao contrário do constatado no início da investigação, na qual se acreditou que um único disparo atravessou o corpo da vítima.

Somente um projétil causou a morte de Luciana, o outro bateu numa estrutura metálica que estava dentro de um compartimento de botijão de gás, perdeu força e não a perfurou totalmente.

Nesse segundo disparo, Luciana encontrava-se agachada atrás dessa estrutura, por proteção ou porque já estava atingida.

Somente uma cápsula de pistola ponto 40 foi encontrada no local. Na arma que foi entregue pelo policial, havia 12 munições intactas.

Outro ponto esclarecido pela perícia é a de que não houve estrangulamento da vítima. Ainda neste domingo (30) era citada a hipótese de Luciana ter sofrido asfixia mecânica por ter sido encontrada com a língua pra fora e com vermelhidão no pescoço.

Em Luciana foi constatado um ferimentos no peito resultado de impacto de um objeto sólido, que segundo a polícia pode ser por uma queda, e outro próximo ao olho, que mesmo assim não chega a configurar violência.

Local do crime

Ontem, a polícia junto com a perícia retornou ao local, onde ficou constato um pequeno sinal de arrombamento, que não condiz com o que foi relatado. No local, foi vistoriado o quarto, que tinha somente uma rede e uma cadeira que servia como cômoda um ventilador e uma TV.

Por conta da posição do projétil, fica descartado a hipótese do disparo ter sido feito de dentro do quarto.

Ligações telefônicas

Consta no celular do autor, ligações do celular de uma das filhas às 21h30 do domingo (30) e outras duas de 22h as 22h30, feitas possivelmente por Luciana que por conta de seu celular estar sem bateria utilizou o celular da filha durante todo o sábado (29).

Os exames da arma, necroscópicos, análise de todas as ligações junto com o inquérito têm período de 10 dias para serem entregues.

Paulo César Lucas Batista encontra-se no Presídio Militar Estadual. Ele responderá por homicídio doloso podendo ser agravado de acordo com a justiça. O policial vai a júri popular.

Estiveram presentes na delegacia, os delegados de Polícia Civil, Higo Arakaki, Cláudio Zotto, Vamir Messias e o perito Domingos Sávio. (Colaborou: Celso Bejarano)