Escoltar réus em julgamentos vira aula de Direito, dizem policiais militares

5 de agosto de 2011, logo pela manhã e este é o cenário: um homem de preto com cara de poucos amigos sentado no banco dos réus no Tribunal do Júri de Campo Grande, mas ele não é nenhum criminoso e sim está ali para proteger os magistrados. Essa é a função dos policiais da Guarda […]

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5 de agosto de 2011, logo pela manhã e este é o cenário: um homem de preto com cara de poucos amigos sentado no banco dos réus no Tribunal do Júri de Campo Grande, mas ele não é nenhum criminoso e sim está ali para proteger os magistrados. Essa é a função dos policiais da Guarda Escolta que chegam a ficar até oito horas sentadas no banco dos réus ao lado dos criminosos.

O personagem em questão atuava no julgamento desta sexta-feira que condenou um policial civil que matou a tiros uma também policial. 

Em um bate papo de cinco minutos com o cabo da Polícia Militar Cleber Insabral e com o soldado Kleber Pianta pode se perceber a paixão que eles têm de assistir um julgamento e da vontade de entrar em uma faculdade de direito.

Para o cabo Insabral que é policial há 19 anos, a possibilidade de assistir julgamentos, audiências no Fórum de Campo Grande é uma forma de enriquecer os seus conhecimentos. “Eu tenho vontade de estudar direito. Assistir esses juris te instiga a ter mais conhecimento”, comenta o policial.

Já o soldado Pianta que tem cinco anos de farda argumenta que se tivesse mais tempo livre entraria em uma faculdade de direito. “De tanto assistir júris e audiências eu acabo sabendo algumas coisas na área criminal e em muitas conversas com amigos eles pensam que eu sou advogado porque sei de alguma coisa”, justifica.

O cabo Insalbral lembra que assistiu o júri do Fernandinho Beira-mar e disse que foi um dos mais emocionante pelo aparato policial e pela demora.” Lembro que durou dois dias e as testemunhas tiveram de ficar em hotéis “, comenta o policial.

Já o soldado Kleber se lembra de um caso que não teve repercussão midiática que foi o de um homem que matou a mulher e ocultou o corpo durante todo o fim de semana para desovar. “O que mais me impressionou foi o jeito com que o promotor fez sua acusação; quem assistia ao julgamento chorou de emoção”, explica.

Os policiais explicam que assistem entre audiência e júris pelo menos 12 por mês.

Segundo o comandante do pelotão de Guarda Escolta. Ozevaldo Santos de Melo, a corporação conta com 40 policias que se dividem em cuidar da segurança dos magistrados no fórum e fazer a escolta de detentos para hospitais.

Ele explica que os policiais todos os dias vão para o Fórum e dependendo de quantos detentos serão ouvidos pelos magistrados fica de dois a quatro policiais para cuidar dos presos.

 

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