Racha: polícia conclui inquérito sobre a morte de jovem e indicia autores por homicídio qualificado
A Polícia Civil concluiu hoje o inquérito policial para apurar as circunstâncias em que ocorreu a morte de Mayana Duarte, no dia 14 de junho, por volta das 3h, no cruzamento da Avenida Afonso Pena com a rua José Antônio, em Campo Grande. Segundo informações da polícia, na ocasião do acidente, Mayana trafegava em seu […]
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A Polícia Civil concluiu hoje o inquérito policial para apurar as circunstâncias em que ocorreu a morte de Mayana Duarte, no dia 14 de junho, por volta das 3h, no cruzamento da Avenida Afonso Pena com a rua José Antônio, em Campo Grande.
Segundo informações da polícia, na ocasião do acidente, Mayana trafegava em seu veículo Celta, de cor preta, placas HSY 5724, pela rua José Antônio, quando teve seu carro colhido pelo GM/Vectra, de placas CCY 1805, que era conduzido por Anderson de Souza Moreno, que trafegava pela avenida Afonso Pena.
No dia do acidente, havia quatro testemunhas que afirmaram que Anderson trafegava em alta velocidade e estava disputando um racha com o condutor de um veículo Fiat Uno, de cor azul, de placas HRU 5334, identificado como Willian Jhonny de Souza Ferreira, quando no cruzamento com a Afonso Pena, o veículo Vectra desrespeitou a sinalização semafórica e colidiu com o carro de Mayana.
As investigações apontaram que antes do acidente, Willian e Anderson estavam em um bar na Afonso Pena e, de acordo com as comandas de consumo, os dois adquiriram sete garrafas de cerveja e três doses de tequila.
Rachas e antecendentes
A polícia também investigou se os dois autores do crime já haviam participado de rachas ou se já tiveram condutas perigosas no trânsito. Ficou apurado que os dois e mais Kenneth Gonçalves Pereira da Silva, que estava de passageiro do Fiat Uno no dia em que Mayana morreu,eram conhecidos pelas pessoas dos seus bairros como condutores imprudentes e que praticavam rachas.
Em um carro particular de Anderson, um GM Kadett, de cor vinho, de placas HRC-7640, ficou constatado que ele possuía danos e que era utilizado para disputas automobilísticas. Com esse mesmo carro, no dia 5 de fevereiro desse ano, Anderson foi multado por avançar o sinal vermelho na Avenida Afonso, além disso, ele não atendeu a ordem de parada da polícia.
Quando menor, Anderson respondeu a dois procedimentos perante a DEAIJ: um homicídio culposo que vitimou um motociclista e outro por falta de habilitação.
Ao ser inquirido no procedimento a respeito do homicídio culposo, na presença de sua genitora, Anderson disse: “que aprendeu a dirigir veículo com seu genitor aos 10 anos de idade, porém somente pegou a condução do carro pela primeira vez sozinho aos 15 anos sem seu genitor saber”.
Laudos
Sobre a morte de Mayana, o laudo de exame de Corpo de Delito – Exame Necroscópico concluiu que a causa da morte de Mayana foi Politraumatismo.
Na ocasião do acidente, através do exame do local, ficou constatado que o veículo Vectra trafegava com a velocidade em torno de 110 Km/h, um número superior ao permitido na via que é de 60 km/h, o carro de Mayana estava a menos de 60 km/h. O laudo também apontou que Anderson desrespeitou a sinalização semafórica, fato que foi reiterado pelas testemunhas.
Conclusões
Sobre o caso, o delegado que presidiu o inquérito, Marco Custódio, concluiu que “os autores agiram com dolo eventual ao conduzirem seus veículos sob o efeito de álcool, iniciando uma disputa automobilística não autorizada, conhecida por ´racha´, passando a trafegar em alta velocidade, totalmente incompatível com o local, desrespeitando a sinalização semafórica, transpondo cruzamentos na Avenida mais movimentada de Campo Grande, os autores praticaram condutas que equivalem a uma ´roleta russa´, sendo indiscutível a previsibilidade de causar um acidente grave que poderia culminar com a morte deles próprios, bem como de outros motoristas que trafegavam pelo local ou atropelamento de transeuntes.
Entretanto, mesmo prevendo o resultado, os autores prosseguiram com a disputa, assentindo a produção do resultado, o que de fato ocorreu, ceifando a vida da vítima Mayana, que conduzia seu veículo normalmente, com velocidade compatível para o local e naquele momento fazia a transposição do cruzamento com a Avenida Afonso Pena, quando foi violentamente atingida pelo veículo Vectra que vencia a disputa, conduzido por Anderson com velocidade aproximada de 110 km/h”
Apesar de não estar no carro que bateu no veículo de Mayana, a polícia concluiu que Willian concorreu para a prática do homicídio, já que estava ligado a Anderson pela disputa do racha, “incentivando-o e encorajando-o a conduzir o veículo de forma cada vez mais rápida, aumentando alta velocidade paulatinamente para superá-lo, assumindo ambos o risco de matar alguém”.
Indiciados
Diante disso, os autores Anderson de Souza Morena e Willian Jhonny de Souza Ferreira foram indiciados pela prática do crime de homicídio qualificado, cuja pena é de 12 a 30 anos de reclusão.
O inquérito foi remetido ao Poder Judiciário.
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