Próxima de concluir inquérito, polícia ainda vê lacuna na morte de Glauco
A Polícia Civil de São Paulo espera concluir nesta semana o inquérito sobre o assassinato do cartunista Glauco Vilas Boas, 53, e do filho Raoni, 25, ocorrido há quase um mês em Osasco (Grande São Paulo), mas as investigações podem ser encerradas sem conseguir esclarecer uma lacuna: como Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, principal suspeito […]
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A Polícia Civil de São Paulo espera concluir nesta semana o inquérito sobre o assassinato do cartunista Glauco Vilas Boas, 53, e do filho Raoni, 25, ocorrido há quase um mês em Osasco (Grande São Paulo), mas as investigações podem ser encerradas sem conseguir esclarecer uma lacuna: como Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, principal suspeito de matar pai e filho, fugiu do local?
Os policiais ainda têm dúvidas se Nunes deixou o local caminhando, como afirmou em seu interrogatório, ou se foi levado de carro pelo estudante Felipe de Oliveira Iasi, 23. Rastreador do carro usado pelo estudante aponta para essa possibilidade, segundo a polícia, mas não há uma certeza absoluta. O delegado Archimedes Cassão Veras Junior, que participa das investigações em Osasco, admite que há uma possibilidade de conseguir esclarecer esse ponto. “
Ainda ficou essa lacuna. Os dois que estavam no momento do crime, [Glauco e Raoni] morreram. Não dá para saber se os dois [Nunes e Iasi] saíram juntos. Há depoimentos que dizem que sim, mas pode ficar realmente aberta essa lacuna e beneficiar Iasi.” Iasi foi indiciado pela participação no crime, porque, segundo a polícia, ele levou Nunes de carro até o local. Em determinados momentos teve a chance de chamar a polícia, mas não o fez, assim como também não avisou a família das vítimas sobre o perigo que corriam.
Para concluir a investigação, a polícia espera o resultado da perícia feita nos computadores de Nunes e Iasi. Os policiais querem saber se ambos trocaram mensagens antes e depois do crime, ocorrido na madrugada do dia 12 de março.
Nunes disse à polícia que rendeu Iasi com uma arma e o obrigou a levá-lo à chácara onde Glauco morava com a família. Que, aproveitando-se de seu descuido, Iasi fugiu.
Nunes foi preso em Foz do Iguaçu quando tentava tentava fugir para o Paraguai e após balear um policial na fronteira. O advogado de defesa de Nunes, Gustavo Badaró, não foi localizado anteontem. Em entrevista anterior, disse que espera um exame para saber as condições mentais de seu cliente.
Para a polícia, Nunes de fato é uma “pessoa muito transtornada, perturbada”. “Mas ele tem noção de tudo o que fez, apesar de demonstrar certo transtorno”, disse o delegado.
Para o advogado de Iasi, Cássio Paoletti, a polícia não tem provas técnicas que comprovem que o estudante ajudou na fuga e que o indiciamento do jovem foi uma forma de a polícia tentar recuperar a imagem arranhada com a fuga de Nunes para o Paraguai. “Ele só está preso graças à gloriosa Marinha paraguaia”, disse. “Nunes foi o único que chamou a polícia e, diga-se de passagem, não foi atendido. Em 42 anos de profissão, eu nunca vi uma operação tão desastrada.”
O advogado se refere a 12 ligações feitas por Nunes ao 190 da Polícia Militar na noite do crime e na tarde seguinte. O objetivo, segundo o advogado, era se entregar, mas recebeu a orientação da polícia para procurar uma delegacia. “Ele [Nunes] fez piquenique à sombra da investigação”, disse Paoletti.
A Polícia Civil diz que a PM recebe milhares de trotes e, por isso, não vê erro de procedimento, em princípio.
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